Rio de Janeiro – A inflação medida pelo Índice Geral de Preços ?10 (IGP-10) recuou de 0,18% em abril para 0,09% em maio. A taxa, que serve para antecipar o possível comportamento dos índices de inflação no decorrer do mês, foi divulgada nesta quarta-feira (16) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Segundo o coordenador do levantamento, Salomão Quadros, os preços ao consumidor, principalmente os de alimentação, foram os que mais contribuíram para a desaceleração da inflação.
?O IGP é formado por três índices – atacado, construção e consumidor ? e deles o que mais influenciou no recuo da taxa foi o índice de preços ao consumidor, que baixou de 0,49% para 0,20%. Dos sete grupos de produtos ao consumidor com que trabalhamos, apenas a alimentação recuou, mais foi com tamanha intensidade que ditou o resultado final do índice?, explicou.
Segundo os dados da FGV, a média dos preços de alimentação caiu 0,55% em maio, contra alta de 1,16% registrada em abril, e o recuo foi puxado pela redução dos preços de alimentos in natura, como hortaliças, frutas, verduras, e também em produtos processados de origem agrícola, como as carnes bovinas, aves e ovos.
De acordo com Salomão Quadros, essa redução nos preços reflete as boas condições do clima (no caso dos produtos in natura) e os efeitos da safra no caso dos produtos agrícolas.
Ele também destacou como influência na desaceleração do IGP-10 a redução da inflação no atacado, que já vinha em patamares baixos, mas ficou ainda menor no mês de maio (variação de 0,03 em abril para deflação de 0,01% no levantamento atual).
O economista ressaltou a contribuição da agricultura para redução dos índices de inflação, influenciando tanto os preços ao consumidor, como os praticados no atacado. ?A agricultura está dando uma contribuição muito forte para redução da inflação, tem várias matérias-primas caindo ou então subindo muito pouco, como soja, laranja, milho, cana-de-açúcar e boi gordo?.
Salomão Quadros não acredita, entretanto, em novas reduções significativas nas taxas do IGP-10. ?O IGP pode continuar apresentando taxas baixas, mas não tão baixas quanto as que a gente observou esse mês. O efeito estabilizador e redutor da agricultura daqui para frente não deve ser tão forte, porque alguns produtos já caíram tanto que atingiram seu limite de queda, de modo que nas próximas semanas mesmo que não subam, não vão continuar caindo?.
Ele também lembrou que há um conjunto de produtos na indústria, como os utilizados na construção, com grande demanda, como aço, madeira e derivados de cobre, que estão exercendo pequenas pressões na taxa de inflação. Segundo Quadros, por enquanto essas pressões estão sendo neutralizadas pela redução dos preços agrícolas, o que pode deixar de acontecer nos próximos meses.
Dos três índices que compõe o IGP-10, o único que apresentou avanço na taxa foi o Índice Nacional de Custo da Construção Civil (INCC), que teve alta de 0,44% no mês de maio contra os 0,35% apurados em abril. A alta foi ocasionada principalmente por reajustes nos preços de materiais e serviços, já os custos com mão-de-obra aumentaram menos do que no mês anterior.
O IGP-10 é calculado com base nos preços coletados entre os dias 11 do mês anterior e 10 do mês de referência.