Inflação ficará abaixo da meta de 4,5%, prevêem analistas

Brasília – A política de juros do Banco Central (BC) fará com que a inflação deste ano fique menor do que a meta de 4,5%. É o que mostra a pesquisa semanal Focus, divulgada hoje (10) pelo BC. Na média, os analistas esperam que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fique em 4,47%. "É a primeira vez que as expectativas ficam abaixo da meta desde a posse da atual diretoria do BC, em 2003", disse a economista do Banco ABN Amro, Zeina Latif. O fato, na visão da economista, representou uma importante quebra de resistência psicológica. "Sempre houve uma resistência de que as projeções não poderiam ficar abaixo da meta", comentou.

O comportamento do câmbio e dos preços dos alimentos, de acordo com a economista, tem sido o principal fator para as previsões de inflação caírem abaixo dos 4,50%. "Por conta da gripe aviária, os preços do frango e até mesmo do ovo (que costumam subir neste período do ano) estão vindo abaixo do esperado", comentou.

Para o câmbio, o diretor da Modal Asset Management, Alexandre Póvoa, avalia que a taxa poderá até fechar o ano abaixo dos R$ 2,20 projetados na pesquisa do BC. "O que temos aí é um choque de oferta positivo no câmbio e também nos preços dos alimentos", afirmou.

Apesar do cenário positivo, o mercado financeiro não aposta numa aceleração do ritmo de corte dos juros na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da próxima semana. "Se não estivéssemos num final de ciclo das reduções de juros, até apostaria numa queda maior. Mas não é o caso", explicou a economista do ABN. Ela lembrou que o Copom já cortou a taxa de juros em 3,25 pontos porcentuais desde setembro. "Acredito que é hora de acompanhar os efeitos de transmissão destas decisões de política monetária sobre a economia", comentou.

O cenário mais provável apontado pelos economistas é de que os juros venham a ser reduzidos em 0,75 ponto porcentual na próxima semana e no fim de maio. "Depois disto, a velocidade das reduções tenderá a se reduzir", disse a economista. Neste cenário, a taxa de juros chegaria ao fim do ano em 14%.

Os dois economistas, entretanto, não descartam a hipótese de os juros recuarem ainda mais e terminarem 2006 em 13 50%. "É possível, neste cenário, que tenhamos uma outra queda de 0,75 ponto porcentual além das duas já projetadas", disse o diretor da Modal. A taxa real de juros (descontada a inflação), nas duas hipóteses, terminaria o ano abaixo da marca dos 10%.

Com uma perspectiva mais positiva para os juros, o mercado poderá começar a elevar nas próximas semanas suas projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. "É possível passarmos a ter uma estimativa mais próxima dos 3,60%", disse uma fonte de mercado. Apesar de maior que os 3,50% projetados atualmente, o porcentual ainda é inferior aos 4% esperados pelo próprio BC. "Em função do baixo crescimento do ano passado, esta taxa de 4% dificilmente será alcançada", comentou a mesma fonte. Para 2007, as estimativas de mercado para a expansão do PIB já responderam e subiram na pesquisa divulgada hoje de 3,60% para 3,70%.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo