O estudo "Balanço das negociações de reajustes salariais no primeiro semestre de 2006", divulgado hoje pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), creditou boa parte do bom desempenho das negociações salariais do período aos baixos índices de inflação.
Conforme o levantamento, as taxas inflacionárias estiveram em declínio, passando de um INPC de pouco mais de 5% nos 12 meses anteriores à data-base de janeiro para algo como 2,75% no período encerrado em junho. Assim, informa o Dieese, o desempenho de 96% de um total de 271 negociações terem, no mínimo, reposto a inflação acumulada nos 12 meses anteriores à data-base da categoria é o melhor resultado já identificado pelo Dieese para o primeiro semestre desde 1996, quando o acompanhamento foi iniciado.
Por setor, os maiores reajustes foram identificados no comércio, com 91% das categorias obtendo reajustes superiores ao INPC até a data-base. Na indústria, o porcentual foi de 84% e, em serviços, 77%.
A pesquisa relata que 0,7% do total das negociações acompanhadas obteve reajuste de mais de 5% acima do INPC; 2,2% ficaram entre 4,01% e 5% acima da inflação; 4,4% de 3,01% a 4% acima do INPC; 13,7% de 2,01% a 3% além do INPC; 25,5% de 1,01% a 2% acima do índice; e 35,4% de 0,01% a 1% acima do INPC. Apenas 4,4% das negociações ficaram abaixo da inflação acumulada até a data-base. "Não foram observados quaisquer casos de perdas salariais nas datas-base de fevereiro e abril", acrescenta o estudo.
Além da inflação em baixa, o Dieese credita o bom desempenho das negociações aos esforços do movimento sindical na busca de ganhos salariais, ao crescimento da economia nacional.
Segundo o Dieese, contribuíram para a expansão do mercado consumidor interno puxado pela maior oferta de crédito, os aumentos reais do salário mínimo promovido nos últimos anos, o processo de redução da Selic e os investimentos em programas sociais realizados pelos governos federal e estaduais. "Ainda a realização da Copa do Mundo, a proximidade das eleições e a manutenção do crescimento da economia internacional são estímulos importantes para o aquecimento das atividades econômicas em 2006", acrescenta o estudo.
O estudo faz um alerta, entretanto, que apesar dos resultados obtidos nas negociações coletivas, parte expressiva dos trabalhadores brasileiros não desfruta desses benefícios por estar na informalidade e porque o mercado ainda conta com índices elevados de desemprego e rotatividade de mão-de-obra.