A elevação do IGP-M de dezembro do ano passado (0,32%) para janeiro (0,50%) deve-se à alta verificada nos três subíndices que compõem o indicador: o Índice de Produtos por Atacado (IPA), o Índice Nacional da Construção Civil (INCC) e o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), em especial a este último. "Verificamos elevação das taxas no período nos três casos, em especial, em relação aos preços ao consumidor", disse o coordenador de análises econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros.
Quadros destacou que a forte alta no varejo, que passou de 0,39% para 0,81%, deve-se a um conjunto de fatores de elevação concentrados no período, como a alta dos preços das matrículas e mensalidades escolares, a elevação de produtos alimentícios em função das chuvas no início do ano, e também, em parte, por uma fatia do aumento das tarifas de transportes públicos, que ficou mais evidente em dezembro e que agora começa a sair do indicador. "Foi uma explosão prevista, puxada em grande parte pelos alimentos in natura", comentou o coordenador.
Para se ter uma idéia do comportamento do índice que representa 30% do IGP-M, vale destacar as variações verificadas nos grupos que o compõem. Alimentação saiu de uma deflação de 0,11% em dezembro e apresentou alta de 1,43% este mês. Habitação apresentou movimento semelhante, ao registrar deflação de 0,04% no mês passado e alta de 0,23% em janeiro. Já Vestuário registrou movimento oposto: alta de 0,39% ante queda de 0,44% este mês.
Os demais grupos mantiveram-se no terreno positivo nos dois meses em questão, com destaque para Educação, que subiu de 0,30% para 1,54% no período. Saúde também avançou de dezembro (0,35%) para janeiro (0,60%), enquanto Despesas Diversas desacelerou de 1,39% para 0,09% por causa da saída do aumento dos preços dos cigarros e Transportes, de 2,30% para 1,42%, com o fim do impacto do reajuste das tarifas de transportes públicos.
As maiores influências positivas do IPC em janeiro foram, segundo a FGV: tarifa de ônibus urbano (2,85% ante 5,92% em dezembro), tomate (19,82% contra -14,28% do mês passado), curso de ensino superior (2,92% ante 0,00%), curso de ensino fundamental (3,45% contra 0,00%) e cenoura (18,81% ante 19,84%), nesta ordem. Já entre os produtos e serviços que amenizaram a alta do índice estão: limão (-33,39% ante -40,19% de dezembro), passagem aérea (-11,91% ante 5,63% do mês passado), seguro facultativo para veículo (-2,60% ante 0,10%), frango especial inteiro e em pedaços – chester (-13,00% ante -0,53%) e banana d’água ou nanica (-9,01% ante 5,11%).