A Ásia é o mercado a ser explorado nos próximos 10 anos pela indústria paranaense de alimentos e bebidas. Foi essa a conclusão apresentada na tarde da última terça-feira (29) por industriais do ramo e pesquisadores de institutos e universidades, no Cietep, em Curitiba, durante um painel sobre o setor, realizado pelo Observatório de Prospecção e Difusão de Tecnologia do Senai, em parceria com o Sesi e a Fundação Observatório de Prospectiva Tecnológica Industrial (OPTI), de Madrid. A iniciativa faz parte do projeto Setores Portadores de Futuro para o Paraná, que visa projetar a posição dos setores industriais do Estado em relação às tendências internacionais nas áreas de tecnologia, economia e indústria nos próximos de 10 anos.

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?Atualmente, a indústria paranaense deve apostar não apenas no mercado asiático, mas na Rússia e no Oriente Médio também?, disse a diretora técnica da OPTI, Ana Morato, que orientou os trabalhos no Cietep. Para ingressar nesses mercados, orientou Ana, a indústria do Paraná tem que agregar valor aos seus produtos, investindo cada vez mais em pratos prontos, preparados e alimentos funcionais, além de incorporar ferramentas, como biotecnologia, que melhorem a produtividade das empresas.

Segundo ela, a indústria paranaense de alimentos e bebidas conta hoje com muitas pequenas empresas. ?Mas que têm investido muito em inovação. Essas empreas têm um alto nível de exportação e um grande potencial de melhora para o futuro. Mas para isso necessita investir no setor de qualificação dos trabalhadores e melhorar as técnicas de comercialização?, alertou a diretora técnica da OPTI.

Os industriais e especialistas presentes assimilaram as orientações apresentadas no painel. ?A Ásia já está sendo explorada pela indústria brasileira, especialmente a China, através de um trabalho do governo federal para que não sejamos apenas importadores dos produtos chineses. Temos condições de oferecer produtos com valor agregado que eles não têm condições de produzir a preços competitivos?, considerou o empresário Pedrinho Furlan, da Sadia. De acordo com ele, a Sadia está numa posição privilegiada ?porque temos produtos de valor agregado, como os assados que são exportados para os estabelecimentos do MacDonalds, principalmente, na Rússia?.

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?A indústria do Paraná tem uma oferta muito diversificada nas áreas de carne, laticínios e grãos, que são demandados pelos maiores mercados do mundo. Mas em função do desenvolvimento dos países asiáticos, o maior volume está sendo exportado hoje para a China e futuramente para a Índia. O mercado asiático é a tendência futura para uma maior demanda dos nossos produtos?, observou Guntolf Van Kaick, assessor da presidência da Ocepar (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná).

Para o diretor de Operações da Nutrimental, Luiz Sérgio Valle, o potencial do mercado asiático hoje é enorme. ?Apesar de a China ser uma grande exportadora é também uma grande compradora. O Japão também tem potencial porque possui um poder aquisitivo alto, além de a comunidade brasileira ser muito grande. Desta forma, os produtos brasileiros são muito bem aceitos no Japão?, afirmou Valle.

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Na visão dele, nem todas as empresas paranaenses estão preparadas para enfrentar esse desafio. ?Qualquer mercado externo hoje exige níveis de qualidade, documentação e especificações. Muitas empresas paranaenses não estão preparadas. Por isso, ainda precisamos de muito apoio, principalmente, de órgãos governamentais para ajudar o empresário paranaense a exportar?, lembrou o diretor da Nutrimental.

Números ? A indústria paranaense de alimentos e bebidas conta hoje com 3.665 empresas, sendo que a atividade mais representativa é de panificação e confeitaria, que concentra 27% do total. O setor gera 112.038 postos de trabalho, que representa 5,5% do contingente de trabalhadores formais do Estado. Cerca de 84% das empresas são pequenas e empregam até 19 trabalhadores. Em 2004, essa indústria movimentou R$ 20,2 bilhões.

?Trata-se de um setor importante da economia paranaense, que movimenta pouco mais de 20% do PIB estadual. É um setor fundamental para o desenvolvimento da economia estadual porque alavanca negócios, principalmente, em todo o interior paranaense?, avaliou Van Kaick.

Os painéis do projeto Setores Portadores de Futuro para o Paraná prosseguirão até o dia 5 de setembro. Nesta quinta-feira (31), será promovido o painel sobre produtos de consumo (têxtil e confecção, couro e calçado, madeira e móveis, cerâmica e azulejos). Na sexta-feira (01), o tema será a biotecnologia aplicada aos setores agrícola, avícola e florestal. Na próxima segunda-feira (04), a microtecnologia será o foco do painel. E, na terça-feira (05), no encerramento do evento, o tema será empresas em rede.

Serviço

Projeto Setores Portadores de Futuro para o Paraná

De 29 de agosto a 05 de setembro

Das 13 às 18 horas

Auditório I ? Unindus, no Cietep

Av. Comendador Franco, 1.341, Jardim Botânico, Curitiba-PR

Mais informações: (41) 3271-9433 ou (41) 3271-9435