Indústria exportadora perdeu 29,2% em 3 anos, diz CNI

Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que a valorização de 37,1% da moeda brasileira nos últimos três anos causou perda de rentabilidade para a indústria exportadora de 29 2% no período e traçou curvas decrescentes de receita e de volumes embarcados.

A redução do dinamismo e da competitividade dessas exportações, verificada desde 2003, pode não ser ainda visível nos resultados da balança comercial. Mas, no aspecto microeconômico, a confederação alerta que os maiores prejudicados por esses movimentos são justamente os setores estimulados pelo governo a atuar no comércio exterior – as micro e pequenas empresas e os segmentos intensivos em trabalho.

Realizado pela Unidade de Política Econômica da CNI, o estudo "Os Efeitos da Valorização do Real na Indústria Brasileira" mostra que a rentabilidade das exportações entrou, em 2006, no seu quarto ano consecutivo de queda. Na comparação com o primeiro trimestre de 2005, os primeiros três meses de 2006 registraram perda de 6,7% na rentabilidade desses negócios.

A queda acumulada de 29,2% nos últimos três anos não foi mais profunda, de acordo com o estudo, porque houve aumento de 32,7% nos preços médios das manufaturas exportadas e vários setores se beneficiaram da valorização cambial ao adquirirem insumos importados mais baratos.

Mas há outros sinais preocupantes, segundo o resultado do estudo. O primeiro é a queda no volume de mercadorias embarcadas. Se no primeiro trimestre de 2005 havia expansão de 22,9%, em igual período deste ano o avanço foi de apenas 6,7%. "Nos últimos dois anos, enquanto a taxa de câmbio moveu-se de R$ 3 por dólar para algo próximo a R$ 2,10 por dólar, o ritmo anual de crescimento do volume de exportações reduziu-se de 30% para cerca de 7%", registra o estudo.

O segundo dado preocupante diz respeito ao ritmo cada vez mais lento de evolução da receita das exportações de manufaturas. Se a média de expansão dessas vendas em 2005 foi de 23,0%, de janeiro a abril de 2006 foi de apenas 14,7%. De acordo com a CNI o fator câmbio não permitiu ao setor manufatureiro brasileiro aproveitar-se da intensificação da demanda mundial desses últimos anos.

O terceiro sinal está vinculado aos setores afetados mais incisivamente pelo processo de valorização cambial. Os intensivos em mão-de-obra – vestuário, máquinas e aparelhos elétricos, extração de petróleo, calçados e móveis – registraram aumento médio de 33,4% nas suas despesas com folha de pagamento convertidas a dólares em março deste ano, em comparação com igual mês de 2005.

Para os setores que utilizam menos intensamente a força de trabalho – produção de coque e de álcool, refino de petróleo, extração de minerais, metalurgia básica, papel e celulose, alimentos e bebidas, minerais não-metálicos e produtos químicos -, o efeito nos custos com salário foi mais leve, inferior a 30%.

Nesse item está ainda detalhado o impacto maior da apreciação cambial sobre as companhias que faturam até US$ 100 mil anuais. O estudo mostra que o total de empresas que exportaram até US$ 10.000 caiu de 2.884, em 2004, para 2.206, no ano passado. Na outra ponta, as que embarcaram mais de US$ 100 milhões passaram de 150 para 168. "As micro e pequenas empresas estão perdendo cada vez mais espaço nas exportações", conclui o estudo da CNI.

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