O Programa de Aceleração Econômica (PAC) que o governo apresenta hoje deverá ser recebido sem entusiasmo pelo empresariado. Há consenso na indústria de que o PAC pouco ajudará a destravar a economia se não for acompanhado de iniciativas mais ousadas do governo como levar adiante as reformas necessárias, como a tributária e previdenciária
A aceleração da queda dos juros e correções no câmbio também são defendidos pela iniciativa privada. A menos que venha com alguma medida inesperada, os efeitos do programa são vistos como limitados. Não por acaso, os empresários esperam um crescimento em torno de 3,5% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2007
?As grandes linhas que estão anunciadas vão na direção correta, mas são insuficientes para colocar o País no trilho do crescimento sustentável?, diz Armando Monteiro Neto, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)
Para ele, o Brasil só vai romper a situação de baixo crescimento em que se encontra há anos quando houver um ajuste fiscal capaz de criar condições para reduzir a carga tributária, que já chega a quase 40% do PIB
?A questão fiscal só será resolvida com medidas mais drásticas que as contidas no PAC?, afirma Monteiro Neto. ?Vamos precisar de uma nova geração de reformas, especialmente na Previdência Social.
Já o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, espera que o governo dê uma demonstração de que está afinado na direção do crescimento na quarta-feira, quando o Banco Central vai determinar a taxa básica de juros. ?Esperamos que a sinalização seja por meio de uma redução significativa dos juros?, afirma Skaf
Para destravar a economia, o presidente da Fiesp diz que não bastam apenas medidas pontuais. ?Precisamos de um conjunto de ações que devem ser implementada a um só tempo e sob a mesma coordenação?, diz Skaf, citando como exemplos o avanço nas reformas e um choque de gestão nos gastos públicos
?O pacote não ataca os pontos principais que estão travando a economia?, observa Boris Tabacof, diretor do Departamento de Economia do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) referindo-se aos juros altos, ao câmbio defasado e à pesada carga tributária
Tabacof acha que a desoneração tributária prevista no programa não deverá ser significativa, porque o espaço para isso é pequeno. ?Trata-se de um conjunto de medidas necessário, mas não o suficiente para acelerar de forma intensa o crescimento.