A indústria dearmas e munições brasileira gerou, em 2004, R$ 547milhões em receitas, segundo os dados mais recentes doInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesardo número parecer expressivo, ele representa 0,043% da receitatotal gerada pela indústria nacional no período. Menos por exemplo, que a fabricação de pilhas e baterias (R$1,4 bilhão) e a reciclagem (R$ 709 milhões).

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Se a gente analisaresse setor, ele é um setor pequeno do ponto de vistaeconômico. Se você comparar a possibilidade de geraçãode emprego, de atividade econômica ou de PIB [ProdutoInterno Bruto] comparando com outros setores da economiabrasileira, ele é realmente uma gota dágua. O quenão quer dizer que ele não seja importante numaconjuntura específica, afirma o economista do Departamentode Política Científica e Tecnológica da Unicamp Renato Dagnino.

A produçãonacional de armas está concentrada em poucas empresas, quemantêm cerca de 6.500 empregos, segundo dados de 2004 do IBGE O relatório da CPI das Armas, divulgado no ano passado pelaCâmara dos Deputados, enumera sete delas, a maioria no RioGrande do Sul, estado sede da Taurus, da Amadeo Rossi (subsidiáriada Taurus comprada na década de 90) e da Boito/E.R. Amantino.

Segundo o especialistaem Tecnologia Militar da Universidade Federal de Juiz de Fora,Expedito Bastos, a indústria brasileira poderia ser maior.Segundo ele, a legislação do Brasil acaba coibindo umaexpansão dessa indústria, com mecanismos como oestatuto do Desarmamento, aprovado em 2003 pelo Congresso, quedificulta o porte de armas.

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Acho importante teruma indústria de defesa. É um ganho importante para opaís, em termos tecnológicos, já quepraticamente todo o conhecimento que é agregado a essa áreatanto serve para o meio militar como para o meio civil. Os paísesmais desenvolvidos do mundo dominam muito essa área e, apartir daí desenvolvem outras áreas agregadas a ela,afirma Bastos. Segundo ele, ainda, odesenvolvimento da indústria bélica é tambémimportante do ponto de vista estratégico.

Para o economistaRenato Dagnino, é importante o governo e a sociedade avaliaremse vale a pena permitir o crescimento da indústria bélicabrasileira, que já é considerada a maior da AméricaLatina, em termos de armamento leve.

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Talvez esse setortenha um problema adicional, porque ele produz um tipo de bem quecostuma causar problemas, seja no nível interno, já queele não diminui o problema da criminalidade e da agressão,seja no nível externo, porque ele produz algo que pode serusado de forma não muito civilizada. Ou seja, arma mata. Issotende a gerar um problema para a imagem do país e problemas derelações internacionais, diz Dagnino.