O setor brasileiro de revestimentos cerâmicos começa a se movimentar para exportar mais para o Oriente Médio e chegar ao mercado iraquiano. O primeiro passo foi dado pela Buschinelli, empresa que integra o pólo cerâmico de Santa Gertrudes, que fica no interior de Santo Paulo e é o maior centro produtor do segmento no país. A firma fechou um contrato para vender 100 mil metros quadrados de cerâmicas por mês a uma companhia dos Estados Unidos, que reexportará o produto para o Iraque.

A escala no mercado norte-americano é necessária em razão da decisão dos EUA de vetar a participação na reconstrução do Iraque de empresas de países que não apoiaram a guerra contra o país árabe – caso do Brasil. Em dezembro do ano passado, o Pentágono divulgou uma lista com pouco mais de 60 países autorizados a vender ao mercado iraquiano. A lista repercutiu mal, e as críticas se juntaram a acusações de favorecimento a companhias norte-americanas.

Por isso, pouco depois, a Casa Branca resolveu permitir também que firmas de outras nações participassem da reconstrução, mas por meio de subcontratações, ou seja, sendo contratadas como fornecedoras de empresas dos EUA.

A Buschinelli resolveu aproveitar a brecha e também a experiência que já tem em vender para os Estados Unidos e para o Oriente Médio. Segundo Costa, metade do que a empresa exporta vai para o mercado norte-americano e em torno de 5% para o Oriente Médio, principalmente para Arábia Saudita, Emirados Árabes, Jordânia, Kuwait e Líbano. O restante é embarcado para a Europa, África e Américas Central e do Sul.

“Sei que somos uma das primeiras empresas brasileiras do setor a começar a vender para o Iraque nesse pós-guerra”, declarou Costa. Mas, segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimento (Anfacer), César Gomes Junior, outras companhias devem tentar entrar no mercado em breve. “O Iraque com certeza é uma opção e mais firmas podem participar também”, disse.

Estados Unidos

O Brasil é hoje o terceiro maior exportador mundial de revestimentos cerâmicos e as vendas externas do setor vêm crescendo. Em 2003, a alta foi de 22,3%, para US$ 250,7 milhões, de acordo com números da Anfacer. Para este ano, a expectativa da associação é de um novo aumento de cerca de 20% nos negócios, para US$ 300 milhões.

O mercado árabe é uma das apostas. “A região tem grande potencial”, avalia Gomes Junior. A Arábia Saudita, por exemplo, é o quinto maior importador do setor no mundo. Por enquanto, porém, as vendas para o Oriente Médio e Norte da África são baixas. O maior destino dos produtos cerâmicos brasileiros são os Estados Unidos, que são o principal comprador global do setor e no ano passado absorveram mais de 40% de tudo o que as empresas brasileiras exportaram. O país é seguido de longe por Canadá (6,7%), África do Sul (5,6%), Chile (4,9%) e Porto Rico (3,8%).

Design exclusivo

Uma novidade que deve ajudar a ampliar os negócios no exterior foi anunciada nesta semana durante a Revestir, feira do setor que começou na última terça-feira (9) e vai até sábado (13) em São Paulo. Foi desenvolvida a primeira linha brasileira de design para revestimentos cerâmicos, informou a Centro Cerâmico do Brasil (CCB), entidade que certifica as exportações da indústria.

Segundo a assessoria de imprensa do CCB, hoje, o setor importa os designs principalmente da Itália e da Espanha, que chegam ao Brasil defasados, o que dificulta as exportações. A nova linha foi desenvolvida pelo Centro de Inovação Tecnológica em Cerâmica (Citec), criado em 2002 pelo centro e pela Associação Paulista das Cerâmicas de Revestimento (Aspacer) no município de Santa Gertrudes.
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