A inteligência da Polícia Militar detectou a presença de 113 integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) entre os cerca de 12 mil presos do regime semi-aberto que pediram à Justiça o benefício para passar o Dia dos Pais em casa. O documento com a informação foi repassado ontem ao Ministério Público Estadual (MPE) para que o órgão tente impedir que, pelo menos, esses presos recebam o benefício. Estima-se que, desse total, 25 sejam da capital – 23 do PCC e 2 de outras facções.

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A preocupação da polícia é justificada pelas informações recolhidas nas últimas semanas de que o PCC está planejando ataques para o fim de semana do Dia dos Pais. Daí a importância de impedir que integrantes da facção estejam nas ruas neste fim de semana.

Para chegar à lista de nomes, a inteligência da PM cruzou a lista dos presos autorizados pela Justiça a visitar suas famílias com sua base de dados, na qual o órgão mantém os nomes, fichas e fotos de 4.895 integrantes da facção no Estado. Os dados pertencem ao sistema conhecido como Fotocrim, cujas informações já serviram até para prender integrantes do PCC.

O MPE já tinha em mãos anteontem uma lista informal fornecida pela PM. Mas o documento precisava ser oficial para servir como prova perante a Justiça. Em reunião do procurador-geral de Justiça, Rodrigo Cesar Rebelo Pinho, com os promotores das Varas de Execuções Criminais do Estado, anteontem, ficou decidido que seria pedido um documento formal para a PM.

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A lista, então, foi encaminhada ontem. A Procuradoria-Geral de Justiça encaminhou o documento para todos os promotores de Execuções Criminais. Eles devem verificar se entre os presos de sua região há algum dos integrantes do PCC. Nos casos em que o juiz já autorizou a saída, a decisão pode ser reconsiderada diante da nova prova. A expectativa do MPE é que todos esses presos tenham seus pedidos negados pelo Poder Judiciário.

A Justiça considera positiva a atitude do MPE. A opinião de juízes ouvidos pelo Estado é que, depois de pedidos genéricos para negar todas as saídas, os promotores resolveram procurar provas para apontar riscos concretos, o que permite que a Justiça negue o benefício apenas para quem não merece.

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O medo de que esses bandidos participem de possíveis ataques, apesar de bom comportamento carcerário, não é injustificado. Ele se baseia na experiência enfrentada pela polícia durante o Dia das Mães, em maio – uma das cinco datas anuais em que os presos do regime semi-aberto têm, por lei, direito de sair das prisões e visitar suas famílias.

Em maio, no fim de semana do Dia das Mães, quando o PCC fez a maior onda de atentados da história do crime em São Paulo, ao mesmo tempo em que rebelou 74 penitenciárias, pelo menos dez presos que saíram para visitar suas mães foram mortos durante a reação da polícia. Houve ainda presos do regime semi-aberto que foram identificados como os autores de um atentado a bomba contra a delegacia de Francisco Morato e de um carro do 19º Batalhão da PM, na zona leste.