Índios denunciam 26 mortes e voltam a acusar Funasa

Belém – Um clima de tensão e revolta tomou conta dos índios mundurucus de Jacareacanga, no oeste do Pará, depois que caciques das 105 aldeias da região divulgaram uma lista com os nomes de 26 crianças e adultos que adoeceram e morreram no ano passado sem que tivessem recebido tratamento rápido e adequado da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Na sexta-feira passada uma menina de cinco anos foi a nova vítima. Ela morreu com diarréia intensa e desnutrição.

Quatro adultos e 16 crianças, além de outras seis cujas mães, grávidas, perderam os filhos ainda dentro da barriga aparecem na lista de mortos. Os índios temem que outras mortes ocorram se nenhuma providência for tomada. A maior reclamação é contra a falta de medicamentos nas aldeias e de transporte para remover os doentes para hospitais da região. A Funasa possui apenas um médico para atender sete mil índios.

O órgão é acusado pelo vice-prefeito do município, o índio José Crixi, de só cuidar da saúde e distribuir remédios para aldeias localizadas em municípios governados pelo PMDB do Pará. O padrinho das nomeações para a Funasa no estado é o deputado federal Jader Barbalho.

A direção da Funasa em Brasília, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que uma força-tarefa, composta por médicos, enfermeiros e técnicos em saúde indígena viajou ontem para Jacareacanga em avião fretado para atender os doentes nas aldeias, inclusive levando medicamentos.

Ela também nega que tenha abandonado os índios, garantindo que todo o atendimento médico na região tem funcionado "normalmente, sem prejuízo ou redução". E diz que mantém em Jacareacanga uma equipe multidisciplinar de saúde, formada por um médico, dois odontólogos, oito enfermeiros, 30 técnicos de enfermagem, 32 agentes indígenas de saúde, além de oito agentes indígenas de saneamento, que se revezam nas aldeias.

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