O senador Aloizio Mercadante criticou duramente a decisão da Polícia Federal de pedir seu indiciamento no relatório final sobre a tentativa de compra do dossiê Vedoin. Sob o argumento de que em três meses de investigações seu nome jamais foi citado como parte do esquema, o senador disse esperar que a Justiça rejeite as acusações.

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"É inaceitável", disse Mercadante, destacando, entretanto, que ainda não tinha tido acesso a informações oficiais da PF pedindo seu indiciamento ou ao conteúdo do relatório final do delegado Diógenes Curado. "Tenho certeza de que a Justiça não vai permitir essa atitude.

Ele afirmou que a notícia de seu indiciamento demonstra que as investigações tomaram um caminho "inquisicional" e "sem nenhum amparo legal", que teria relação com o fato de a PF não ter conseguido comprovar a origem do dinheiro que seria usado na compra do dossiê contra tucanos. Mercadante lembrou ainda que se apresentou espontaneamente à PF para colaborar com o inquérito e ressaltou que, como parlamentar, dispõe de foro privilegiado

As declarações do petista contrastam com as feitas repetidamente por ele na reta final da campanha eleitoral, quando disputava o governo de São Paulo. Desde que veio a público o envolvimento de seu ex-assessor de comunicação de campanha, Hamilton Lacerda, no caso, o senador insistia em que confiava no trabalho da PF e que as investigações iriam inocentá-lo.

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Assim como Mercadante, os representantes de outros indiciados pela PF também reagiram ao relatório. José Roberto Leal de Carvalho, advogado do tesoureiro da campanha de Mercadante, José Giácomo Baccarin, disse que desconhecia o relatório da PF.

O advogado reiterou que seu cliente demonstrou em depoimento na PF em São Paulo que as contas da campanha não continham nenhuma irregularidade e que ele deixou uma cópia da prestação de contas com o delegado Diógenes Curado. "O professor Baccarin é um homem de seriedade tão reconhecida que foi escolhido pelo senador Mercadante como responsável pelas finanças da sua campanha. Ele desconhece qualquer fato relativo a este chamado dossiê Vedoin. E as contas da campanha estão absolutamente em ordem", assegurou Leal, que defende também o presidente estadual do PT, Paulo Frateschi. "Então omissão nunca houve.

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O advogado de Lacerda, Alberto Zacharias Toron, considerou o indiciamento um "verdadeiro absurdo", feito "por alguém que ou não conhece a lei, ou não leu os autos do inquérito". "Chega a ser medonho. Não tem crime, inventamos um. Mas infelizmente é assim." Toron afirmou que nos autos não há provas da origem do dinheiro que seria usado para comprar o dossiê nem de que ele tenha sido formalizado no mercado. Toron disse que aguardaria "serenamente a remessa dos autos à Justiça Federal para ver o que o excelentíssimo procurador da República fará".