Manaus – As 38 pessoas detidas pela Polícia Federal na Operação Mercúrio, em junho do ano passado, ainda não foram julgadas. Mesmo na esfera administrativa, os 18 policiais rodoviários federais que cobravam propinas de empresas de transporte para deixar de autuar irregularidades também não receberam punição.
?Ainda não houve condenação de ninguém, porque está se tentando um julgamento coletivo?, disse hoje (14) à Radiobrás o superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Kércio Pinto. ?Como são várias defesas, os advogados vão conseguindo estender os prazos. Mas a gente espera ter algumas condenações ainda neste ano?.
A Operação Mercúrio foi deflagrada em 27 de junho de 2005 no Amazonas. Em uma ação conjunta da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, foram presos temporariamente 18 policiais rodoviários federais, um policial militar e 19 empresários e funcionários do setor de transporte de carga.
Após cinco dias ? prazo da prisão temporária, que pode ser prorrogada por igual período ? os acusados foram soltos. Os policiais respondem em liberdade pelos crimes de formação de quadrilha, extorsão qualificada e corrupção passiva (pedir ou receber propina). Os civis foram indiciados por corrupção ativa (oferecer ou pagar propina).
O suposto líder do esquema de propinas era o chefe do Núcleo de Policiamento e Fiscalização da Polícia Rodoviária Federal no Amazonas, Jones Andrade de Menezes. Ele foi exenorado da função de confiança no dia seguinte àprisão, mas continua, assim como os outros 17 policiais acusados de envolvimento nesses crimes, a trabalhar como servidor público federal.
?Eles exercem funções administrativas, estão afastados do contato com o público?, justificou o superintendente da Polícia Rodoviária Federal no Amazonas, Marco Aurélio Pinto. ?O processo para julgamento deles na área administrativa [processo administrativo-disciplinar, que pode resultar na perda do cargo público] está na consultoria jurídica do Ministério da Justiça?.
Um dos desdobramentos da Operação Mercúrio foi a Operação Saúva, deflagrada pela Polícia Federal na última sexta-feira (11). Ela prendeu 31 militares, servidores públicos estaduais e federais e empresários envolvidos em fraudes na compra de alimentos. A quadrilha vendia produtos superfaturados e fora do prazo de validade.