Na década de 90, melhorou o acesso das famílias brasileiras a 48 indicadores, como educação, saúde, moradia, bens duráveis e renda, de acordo com um novo índice social criado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), do Ministério do Planejamento. Anunciado hoje pela primeira vez, o Índice de Desenvolvimento da Família (IDF) mede as condições de vida das famílias brasileiras e varia de 0 (nenhum acesso) a 1 (acesso total). Portanto, quanto mais alto, melhor.

No Brasil, o índice passou de 0,69 em 1992 para 0,73 em 2001. No momento em que as atenções voltaram-se para o combate à fome, anunciado como prioridade absoluta pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o IDF surge como mais um meio de avaliação da pobreza.

A tradução é a seguinte: no início da década as famílias brasileiras tinham em média acesso a 69% dos principais indicadores sociais. No fim da década, o acesso atingia 73% dos indicadores. Esse índice será usado pela Secretaria de Estado de Assistência Social para medir o impacto dos programas de transferência de renda na vida das famílias beneficiadas. Os números mostram grandes avanços e também as enormes desigualdades sociais e geográficas. Enquanto São Paulo tem o maior IDF, de 0,80, o Maranhão tem o menor: 0,61.

Criador do IDF, o economista Ricardo Paes de Barros, chefe do Departamento de Estudos Sociais do Ipea, diz que o novo índice é mais abrangente para classificar as condições de vida da população. ?Usamos 48 indicadores e não apenas a insuficiência de renda. Mas, mesmo assim, a análise da década mostra que os dados da renda não estavam tão errados. Houve uma melhora no IDF, como também na renda familiar per capita e na redução do percentual de pobres?, afirmou o economista, que apresentou seu trabalho no seminário Estratégias para Superação da Pobreza, que vai até sexta-feira.

O IDF é inspirado no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), usado por diversos países. A diferença é que o IDH mede a qualidade de vida em um local, seja bairro, região, País. Para traçar um quadro das condições de vida da família brasileira, Paes de Barros analisou os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), levantamento anual do IBGE (com exceção dos anos em que há censo demográfico).

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