Irrepreensível a posição tomada pelo PMDB do Paraná em relação ao governo Lula. Com convenção nacional marcada para o próximo dia 12, quando será discutida a independência da agremiação em relação ao governo Lula, o PMDB começa a tomar decisões regionais que instruirão a posição das bancadas dos estados naquele encontro nacional.
Há dois grupos distintos. O PMDB adesista, que prefere continuar no governo ocupando ministérios e reivindicando mais cargos, aliás já oferecidos pelo presidente Lula, e a parcela da agremiação que quer sejam devolvidos os dois ministérios hoje ocupados, outros cargos que estão nas mãos de peemedebistas e se adote uma posição de independência.
Quem deixa bem clara esta posição é o governador do Paraná. Requião assegura que não se trata de rompimento e passagem do seu partido para a oposição. O que não deseja é a continuação do "encilhamento", o partido de tantas glórias, que já foi liderado por um Ulisses Guimarães, preso ao governo Lula, obrigado a com ele sempre votar em troca de cargos. E, como diz o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, o interesse por cargos é algo que não tem fim e poderá arranhar a imagem do governo federal mais do que está arranhando. Deste risco o governador gaúcho advertiu o próprio Lula.
A posição de independência preconizada pelo PMDB do Paraná, do Rio Grande do Sul, de São Paulo e diretórios de outros estados, contra o adesismo dos correligionários que estão encilhados pelo governo Lula, é lógica.
O PMDB ainda é o partido que tem a maioria dos prefeitos, a maior presença no Congresso Nacional e a maior força política no País. Encilhado, à disposição do PT e do governo Lula em troca de cargos, sem independência para discordar, para reorganizar-se e para se preparar para o próximo pleito, concorrendo com candidato próprio, passa a ser um pingente gigantesco de um governo encimado por uma pequena agremiação. Necessário para que este assegure força política e ampla base parlamentar para aprovar suas boas propostas. Mas, também, para aprovar aquelas que mereceriam, do PMDB e outras forças políticas nacionais, reparos necessários à defesa dos reais interesses do povo.
Não interessa ao Brasil um PMDB na oposição, enquanto o governo Lula estiver buscando acertar e enquanto proponha medidas corretas. Surgiria a ingovernabilidade. Lula estaria sem o apoio suficiente para gerir os destinos do País. Mas a posição do PMDB do Paraná, preconizada pelo diretório regional, sob a inspiração do governador Requião, é de independência e não de rompimento. A intenção é sair do governo e continuar a apoiá-lo sempre e quando esteja no caminho certo. E opor-se, criticá-lo e votar contra, quando esteja errado. Uma independência à qual não estão acostumados os petistas, pois o partido de Lula costuma fechar questão em assuntos da maior importância e chega a expulsar correligionários que, por convicção ou mesmo em obediência a programática partidária, se posicionarem contra. Isso já aconteceu e não poucos petistas foram postos para fora do partido que ajudaram a fundar.
Esse encilhamento não pode imobilizar um partido aliado como o PMDB, agremiação gigantesca e que pode e deve seguir seus próprios caminhos.
No mais, o PMDB tenciona, e com direito, concorrer à Presidência da República no próximo pleito. Pode e deve fazê-lo. É um grande partido e tem a obrigação de oferecer novas opções ao eleitorado.
