Incubadora industrial para a madeira

Até o fim deste ano a Agência de Desenvolvimento da mesorregião Vale do Ribeira/Guaraqueçaba inaugura, na região metropolitana de Curitiba, a primeira incubadora industrial para fabricação de móveis e peças de mobiliário do estado. Participam como parceiros a Universidade Federal do Paraná, Emater-PR e a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). O projeto, que tem recursos do Ministério da Integração Nacional, tem como principal objetivo gerar renda e emprego à população jovem dos municípios envolvidos, com a criação de cinco micro empresas industriais a cada ano, com geração de 30 empregos diretos.

A Agência e a prefeitura de Bocaiúva do Sul já iniciaram o processo de licitação para a construção do barracão industrial que terá estrutura de concreto armado, em um terreno de 20 mil metros quadrados cedido pela prefeitura de Bocaiúva do Sul. Além de móveis, as empresas incubadas vão produzir lâminas para pisos, gavetas, pés de móveis, estrado de camas e molduras, além de outros componentes para MDF e aglomerados.

A incubadora será instalada onde hoje já existe o Centro de Triagem de Bracatinga, responsável pela classificação da madeira oriunda de um projeto anterior, de valorização da espécie nativa Bracatinga (Mimosa Scabrella), abundante no Paraná mas que até então vinha sendo subutilizada. O presidente da Rede Paranaense de Incubadoras e Parques Tecnológicos, Silvestre Labiak Jr., avalia que a incubadora de madeira é ?uma iniciativa extremamente importante por se tratar de um empreendimento segmentado (hoje as 20 incubadoras criadas no estado não tem um produto específico) que vai agregar valor a um produto regional?. Segundo ele, ?isso amplia a chance das empresas que sejam criadas possam dar certo porque as pessoas que vão se envolver com o projeto terão laços com a região e interesse que no seu desenvolvimento?. Além disso, acredita Labiak, o projeto vai permitir que os pequenos produtores que lidam com a bracatinga de maneira artesanal tenham acesso a informação e novas tecnologias.

De acordo com o superintendente executivo da Agencia de Desenvovimento, José Carlos Becker, as empresas incubadas terão auxílio especializado para as atividades como gestão empresarial, gestão de inovação tecnológica, comercialização de produtos e serviços no mercado doméstico, assistência jurídica, captação de recursos, contratos com financiadores etc. ?O objetivo geral é a instalação de uma incubadora como instrumento de atração e criação de empreendimentos locais para fortalecimento do pólo moveleiro local. Isso inclui a capacitação de mão de obra local, com efeito multiplicador para lidar com as novas ferramentas e metodologias? – anuncia.

De acordo com os coordenadores do projeto, os grupos que participarem como empreendedores por 12 oficinas de capacitação, com a meta de criarem três novas empresas incubadas a cada 120 dias. Todas as etapas do projeto, assim como seus resultados financeiros serão supervisionados e fiscalizados por um comitê gestor, formado por membros de outras entidades ligadas ao Vale do Ribeira, e parceiros.

Localização estratégica

As instalações da incubadora industrial de madeira, em Bocaiúva do Sul, estarão localizadas a 25 km da BR 116, principal eixo rodoviário da região sul/sudeste do país, responsável por 76,30% da produção nacional de móveis e a 100 km do pólo moveleiro de São Bento do Sul, maior centro exportador do Brasil, respondendo por 50% das exportações nacionais.

O projeto da incubadora terá como matéria prima a bracatinga, espécie que durante mais de um século teve sua utilização resumida à produção de lenha e carvão, sendo redescoberta a partir de um projeto desenvolvido pela Agência de Desenvolvimento nos municípios de Bocaiúva do Sul, Campina Grande do Sul, Tunas do Paraná e Rio Branco do Sul.

Estudos técnicos indicam que o melhoramento genético pode produzir troncos mais grossos, com 18 centímetros de diâmetro, que podem servir para a produção de móveis. A madeira, comparada a imbuia em durabilidade tem a vantagem de um ciclo de vida de 7 anos, metade do ciclo do Pinus, além de um manejo sustentável que permite a recuperação de áreas degradadas. Parceira do projeto, a Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná (UFPR), realiza um estudo técnico para o processo de secagem da madeira que também vai contribuir para sua utilização.

As empresas criadas no projeto da incubadora industrial devem garantir o fornescimento regular de bracatinga, condição colocada pelas grandes indústrias de madeira para incluir a bracatinga no seu rol de matérias primas.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo