A luta de um trabalhador rural não termina quando ele recebe uma área em um assentamento. O produtor tem que definir o que e como vai plantar para não comprometer a produção e garantir o seu sustento.

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) conhece bem os desafios do campo e quer aumentar o número de famílias assentadas que recebem assistência dos técnicos agrícolas. A meta do Incra é que até o final deste ano, 500 mil famílias sejam atendidas por cinco mil técnicos. Os gastos com assistência técnica aos agricultores familiares subiu de R$ 18 milhões para R$ 38 milhões.

No Amazonas, a preocupação maior, segundo o coordenador de Assessoria Técnica, Social e Ambiental à Reforma Agrária da Superintendência Regional do Incra, David Ribeiro Gonçalves, é utilizar técnicas de plantio que não agridam o meio ambiente uma vez que os produtores do estado vivem no meio de uma floresta. ?No Amazonas, o Incra está fazendo uma reforma agrária diferenciada, reconhecendo os povos da floresta, que vivem às margens dos rios, dando uma assistência técnica voltada para a proteção do meio ambiente?, explica Gonçalves.

Dezoito mil famílias estão assentadas no estado e a idéia é dar condições técnicas para que esses trabalhadores rurais possam plantar arroz, feijão, frutas e produzir peixes, além das culturas extrativistas, tudo sem agredir a natureza, informa o coordenador.

A piscicultura no Amazonas está em desenvolvimento com novas técnicas para baixar os custos. De acordo com David Ribeiro Gonçalves, os piscicultores estão recebendo novas técnicas de criação para baixar o custo do setor. ?Em algumas situações, ainda é recomendado o uso de tanques-rede e gaiolas; a utilização de canal de igarapé é outra opção disponível no estado para a criação de peixes. Antes, os piscicultores montavam barragens nos rios, mas essa técnica está ultrapassada e é pouco recomendável”, enfatiza.

O agricultor Cláudio Santos da Costa planta mandioca, limão, abacaxi e banana no Amazonas. Ele diz que depois que passou a receber assistência técnica, sua produção aumentou. ?Em 1998, eu recebi a minha terra e fazia o plantio de acordo com o que havia aprendido com meu pai e meu avô. Hoje, a situação é diferente. Por exemplo, eu tenho um hectare com plantação de limão e aprendi com os técnicos os critérios de adubação, de abrir covas e de como conduzir a planta. Atualmente me considero um cliente da reforma agrária, achei minhas raízes, exercendo a função que eu gosto no campo”, explica o agricultor.
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