A imprensa chinesa repercute neste fim de semana o segundo turno das eleições presidenciais no Brasil. A Agência de Notícias Xinhua destacou a vantagem de 20 pontos que o presidente e candidato petista à reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva, mantém sobre o candidato tucano, Geraldo Alckmin, nas pesquisas eleitorais. "A menos que ocorra algo inesperado, Lula vencerá tranqüilamente a eleição", afirma a reportagem.
A Xinhua lembra aos chineses que o escândalo do mensalão antecipou a corrida presidencial, minou a popularidade do presidente Lula e inundou de euforia a oposição no fim de 2005. "Várias pesquisas de opinião pública mostravam que o presidente Lula seria derrotado por José Serra, seu ex-adversário nas eleições de 2002 e então prefeito de São Paulo".
"As festas de fim de ano passaram, o carnaval se aproximou e a opinião pública brasileira começou a emitir sinais de cansaço ante a exaustiva exploração por parte da oposição do escândalo político do ano anterior", frisa a Xinhua.
Ampliando o retrospecto histórico, a reportagem avalia que enquanto o presidente Lula reagia inaugurando obras e ocupando grande espaço na mídia, os adversários ainda buscavam um candidato para poder enfrentá-lo nas urnas.
A escolha de Geraldo Alckmin como candidato da coligação PSDB-PFL, na avaliação da Xinhua, não provocou o necessário impacto no cenário político brasileiro. "O ex-governador precisava se tornar conhecido entre os eleitores de todo o país e estabelecer algum nível de competitividade ante um adversário que havia recuperado completamente os seus índices de popularidade".
Além disso, indica a reportagem, o candidato tucano encontrou grandes dificuldades para definir sua identidade política e programática, já que o presidente Lula "assumiu como seu o programa econômico do governo anterior, impondo uma ênfase ainda mais ortodoxa ao (programa) que antes havia criticado".
Para a Xinhua, o presidente não alcançou sua reeleição no primeiro turno em função do envolvimento direto de um grupo de petistas na frustrada tentativa de compra de um dossiê contra o candidato do PSDB ao governo do Estado de São Paulo, José Serra.
"Em lugar de uma tranqüila vitória no primeiro turno, o presidente brasileiro teve que enfrentar o segundo turno. Lula, entretanto, usou o fato como prova de que não estava ligado ao ato ilícito", afirmou a Xinhua.
A reportagem avalia que o Geraldo Alckmin conseguiu se "livrar do apelido de Chuchu no segundo turno ao ser muito agressivo com Lula no primeiro debate em que se enfrentaram", mas que perdeu terreno durante a corrida eleitoral ao manter a defensiva frente às críticas disparadas por Lula contra o governo Fernando Henrique Cardoso.
"Alckmin, porém, conseguiu provar que Lula não é invulnerável", sentencia a Xinhua.