O líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM), revelou na sexta-feira, 21, que no plenário a prorrogação da cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) ?não passa nem que a vaca tussa?. Não se trata de nenhuma expressão sancionada pelo regimento interno da instituição e, tampouco, no jargão utilizado pelos parlamentares em suas intervenções.

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Nos últimos dias, no entanto, na proporção que a temperatura emocional de deputados e senadores vai-se elevando, alguns deles são induzidos a se valer de ditos populares para tirar quaisquer dúvidas sobre o que estão, de fato, arquitetando. Para aprovar a proposta no Senado, o governo precisaria de 49 votos em dois turnos, mas a oposição garante que esse número não será alcançado.

Num rasgo de coerência, Virgílio adiantou que os quatro senadores tucanos integrantes da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) votam pela aprovação da matéria, ressalvando que nessa instância se discute apenas a constitucionalidade da medida. A coerência do voto tucano está no fato de que o partido, em momentos anteriores, foi um entusiástico defensor do imposto do cheque.

No plenário, porém, a orientação do partido é derrotar a prorrogação. O cálculo feito pelo senador amazonense é que, juntos, PSDB e DEM contabilizam 30 votos, reforçados, no mínimo, por cinco senadores independentes do PMDB. O senador Jefferson Peres (PDT-AM) informou que o governo somente contará com os quatro votos do partido se concordar com a redução da alíquota da CPMF. Voto certo contra a medida é o do senador José Nery (PSOL-PA).

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A confiança da oposição no Senado consegue enxergar nos partidos da própria base governista não poucos parlamentares hesitantes em votar pela prorrogação da contribuição provisória, à vista da convicção generalizada de que o governo não será prejudicado – como apregoam Lula e os ministros da área econômica – se privado do privilégio de arrecadar mais de R$ 150 bilhões até 2010.

Na Câmara, a forte pressão oposicionista do primeiro turno de votação foi acusada pelo governo, que optou pelo adiamento da segunda rodada para a próxima quarta-feira, 26, a fim de evitar surpresas desagradáveis.

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Enquanto isso, envidou todos os esforços para azeitar as engrenagens emperradas da máquina administrativa, no sentido de acelerar ao máximo o fluxo burocrático para a liberação de R$ 80 milhões provenientes de emendas parlamentares ao Orçamento da União. Argumento difícil de recusar por parte dos hesitantes e infiéis.