Houve eleições municipais em todo o País. Interessam-nos, mais de perto, as eleições no Paraná. Pelo noticiário, mais do que pelas estatísticas, pois nenhuma se dedica especificamente a aquilatar o nível de seriedade ou corrupção das administrações municipais, o Paraná é um dos estados com melhor desempenho. Comparando-se as administrações municipais daqui com outras do norte, nordeste ou mesmo Brasil central, vemos que se os nossos prefeitos e vereadores não são anjos, lá muitos deles são adeptos confessos da corrupção e nenhum respeito demonstram pelos interesses do povo.
A soma das maracutaias, que nenhum Malba Tahan é capaz de fazer, leva dos brasileiros bilhões que poderiam servir para o nosso desenvolvimento econômico e social, que exige dinheiro, confiança, iniciativa e competência dos administradores e legisladores de todos os níveis. Mas tudo começa na Câmara de Vereadores e na Prefeitura, exatamente os poderes Legislativo e Executivo que estão mais perto dos problemas dos cidadãos e numa distância pequena para atuar respondendo aos reclamos do povo. Essa visão não têm os homens que estão aboletados nos palácios de Brasília, “cafundó dos judas” em termos de distância, que não se mede só em quilômetros, mas também em nível de conhecimentos dos problemas do cidadão comum. O que sabe um dirigente do Fome Zero sobre o que estava acontecendo em Piraquara, se nem sabe onde fica esse nosso município?
Assim, foram importantíssimas essas eleições municipais pelo aspecto da lisura no trato dos dinheiros públicos e da otimização do seu aproveitamento. Se a maioria dos municípios brasileiros for bem administrada, será muito mais difícil que os estados e o País também não o sejam. Há, pois, uma enorme responsabilidade no ato de eleger vereadores e prefeitos, como fizemos. A omissão seria lavar as mãos, como Pilatos, exonerando-se de responsabilidades e perdendo moralmente o direito de fiscalização e crítica sobre os eleitos. O voto por amizade pessoal ou simpatias pode significar muito, mas essencial é a escolha que prioriza a competência, as boas idéias e os melhores projetos.
De tanto ter sido tapeado por políticos corruptos, o nosso eleitor chega a pensar que o candidato ideal é aquele comprovadamente honesto. Como se honestidade fosse qualidade e não obrigação. O bom é o honesto, trabalhador, competente, vigilante e senhor das melhores idéias. É o que tem competência administrativa, quando prefeito, pois quem não sabe gerir um botequim, uma lojinha ou mesmo uma grande fábrica, estará distante de poder dirigir um município do tamanho de Curitiba, Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu, Ponta Grossa e tantos outros de porte grande e médio.
É preferível eleger um candidato com o qual não se simpatiza pessoalmente, mas que é competente, que um outro que distribui fáceis sorrisos e agrados, mas nada sabe fazer na função pública. De nada adianta um legislador ou chefe de Executivo honesto, se é burro. Honestidade têm tantos trabalhadores de atividades humildes. Mas isso não garante que seriam bons vereadores ou prefeitos.
O povo tem de pensar primeiro no seu município. É o passo inicial para a solução de todos os problemas nacionais, estaduais ou até pessoais. A vigilância tem de ser permanente e constante, para que não usem o nosso voto contra nós, o povo.