A importação de trigo pelo Porto de Paranaguá cresceu mais de 10 vezes no primeiro trimestre de 2007 na comparação com o mesmo período do ano passado. Entre janeiro e março, foram desembarcadas 124.889 toneladas do produto, enquanto que em igual trimestre de 2006 foram importadas 11.609 toneladas. O volume registrado no primeiro trimestre de 2007 representa quase a metade de todo o trigo importado em 2003 no Porto de Paranaguá.
O aumento na importação é resultado do mercado interno aquecido para a compra do produto, principalmente da Argentina, situação que já foi percebida no cais, onde os volumes movimentados até agora não eram vistos há muitos anos. ?Percebemos um aumento considerável neste período, porque o mercado interno está absorvendo o produto e a tendência é que esse crescimento seja mantido?, disse o gerente de operações da Agência Marítima Orion, Claudinei Nogueira.
Mas não é só da Argentina que vem o trigo importado pelo Porto de Paranaguá. A Europa vem sendo uma das origens do produto, principalmente a partir de países como a Bélgica, de onde também vem a cevada, mercadoria que obteve um incremento de mais 390% nas importações no primeiro trimestre deste ano em comparação ao ano passado. É de olho no mercado interno brasileiro que empresas que antes não operavam com trigo passaram a atuar neste ano.
É o caso da Cilla Armazéns Gerais, empresa instalada há 10 anos em Paranaguá, mas que neste ano, pela primeira vez, realizou o desembarque de 25 mil toneladas de trigo vindas da Argentina. ?Foi uma boa experiência. Vimos uma oportunidade de mercado e realizamos a operação. Ainda não temos uma previsão para novo desembarque mas, assim que surgir, vamos executá-lo?, disse o gerente da empresa Benedicto Bonifácio de Aguiar.
No cais, as operações com trigo são semelhantes às realizadas na importação de fertilizantes e cevada, com o uso de guindastes de alta performance ou os à bordo dos navios.
Reflexos
No campo, o trigo brasileiro registrou quebra de 54,2% e, por isso, o Ministério da Agricultura já garantiu subsídios para a produção. A decisão deve contribuir para a recuperação do setor, que, na safra passada, amargou quebra de 50% na produção devido à geada. Serão destinados R$ 20 milhões para subvenção.
O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Jacinto Ferreira revelou que a importação do trigo manterá o mercado interno atendido. ?O Brasil já é um importador tradicional de trigo e já tem a garantia do fornecimento em mercados tradicionais, como a Argentina?, concluiu Ferreira.
Junto com a Argentina, a Europa e os Estados Unidos deverão ter boa produção de trigo em função das boas condições climáticas. A informação é da FAO, agência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura. A produção global de trigo, segundo a entidade, deve crescer 4,8% e alcançar aproximadamente 626 milhões de toneladas.
