Imagem do Congresso preocupa novatos

Os novos deputados, eleitos na esteira da renovação da Câmara, chegam a Brasília receosos de não representarem bem o sentido renovador, assustados com a degradação da imagem do Congresso após os escândalos do mensalão, sanguessugas e do episódio do aumento de salários. Antes de discutir a presidência da Casa, eles querem debater um projeto para melhorar a imagem do parlamento. "Se chegar num bar e disser que é deputado, todo mundo sai correndo com medo", ironiza Paulo Pereira da Silva (PDT-SP). "Quero ser deputado e não um marginal", argumenta Carlos Brandão (PSDB-MA).

Este ano, a taxa de renovação do Congresso (47,9%) foi a mais alta desde 1994. Do total (513 deputados), haverá 244 deputados novos. "Precisamos discutir um projeto de recuperação da imagem do Congresso", cobra o novato Arnaldo Jardim (PPS-SP), atual deputado estadual. "Se não fizermos isso, a sociedade vai continuar cobrando", adverte. Paulo Renato (PSDB-SP), ex-ministro da Educação, concorda: "Mais do que discutir nomes, deveríamos discutir formas para resgatar a imagem da Câmara".

A maioria esmagadora dos novos está muito preocupada com a imagem da Casa que passará a integrar a partir de fevereiro. "Se não conseguirmos mudar a imagem do Congresso, não terei coragem de me candidatar novamente em 2010", sustenta o novato Gervásio Silva (PFL-SC). Eles estão ansiosos com a cobrança dos eleitores antes mesmo de chegar a Brasília e com o processo às vezes demorado de adaptação às normas e tradições da Casa e de conhecimento dos colegas que já têm liderança. "Todo mundo chega ao Congresso se iludindo com promessas", observa Gervásio.

Duarte Nogueira (PSDB-SP), que foi deputado estadual, quer que a disputa da presidência da Câmara inclua uma discussão sobre o resgate da imagem do Parlamento. "Vamos apoiar quem tiver um compromisso com o resgate da imagem e da eficiência da Casa", diz.

Ângela Amin (PP-SC), que foi deputada no início dos anos 90, diz que "fica complicado discutir a revitalização do Congresso com outras instituições contribuindo para comprometer a sua imagem". Ela culpa o Judiciário, que derrubou a cláusula de barreira – um importante passo na reforma política. "Falam muito do Congresso, mas a gente sabe que a corrupção não está bem lá, mas do outro lado da rua", ataca. "O Congresso fica muito na vitrine.

Carlos Brandão acha que a reforma política deveria ser a bandeira dos candidatos à presidência da Câmara. "Se houvesse uma lei estipulando mais claramente os tetos salariais dos três Poderes, não teríamos passado pelo problema do aumento salarial" raciocina.

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