Imagem de santa é deixada nos destroços do Boeing da Gol

A asa direita do Boeing 737-800 da Gol deixou de ser apenas um amontoado de ferros distorcidos para se tornar uma estrutura abençoada. Desde as 10h45 de ontem, ela abriga uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, deixada ali, junto com uma Bíblia, para proteger as almas das 154 vítimas do vôo 1907. "Gostaria que a imagem de Nossa Senhora no local do acidente fosse vista pelas famílias como marca de esperança. Queria que soubessem que seus entes queridos estão muito bem, em paz, junto de Deus", disse o padre Alexandre Paciolli, da Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe de Brasília.

Houve comoção geral durante os 15 minutos em que Paciolli e o tenente-padre Marcelo Silva, da Arquidiocese Militar do Brasil, abençoaram a imagem e a clareira principal aberta pelos militares na reserva indígena do Xingu. Os militares foram até a santa, pediram bênção e rezaram pelas vítimas.

"Esse tipo de missão é muito importante, porque agora apenas uma coisa dá alento às famílias: a fé. Depois disso, só o tempo", disse o brigadeiro Jorge Kersul, comandante da operação. Para Kersul, a bênção do padre e a imagem da santa são importantes também para os militares, que se esforçam nas buscas pelos corpos ainda não localizados. "Em muitos momentos, buscamos em Deus a força que nos falta.

Amigo dos pilotos do Boeing e representante da Gol junto à Força Aérea Brasileira (FAB), o comandante Miguel Jorge Rodeguero definiu a cerimônia como "um momento de elevação sublime, que chega a ser suave no meio de uma tragédia tão grande". Ele agradeceu à FAB pelo trabalho nas buscas e disse que a operação continua.

Além de orações e bênçãos, os padres derramaram sobre a imagem água do Rio Jordão, óleos de Belém, terra e incenso de Jerusalém. O helicóptero Super Puma, que levou o padre, oficiais e jornalistas para a clareira, ficou com os motores ligados por questões de segurança, e a tripulação não desembarcou, mas, durante a cerimônia, pilotos e mecânicos fizeram um minuto de silêncio.

Nilson Picalho, gerente-geral da Fazenda Jarinã, pedirá hoje a um carpinteiro uma capelinha de madeira para proteger a imagem. Durante a bênção, o tenente-coronel Leônidas de Araújo se aproximou da Bíblia deixada junto à imagem e se emocionou ao vê-la aberta, por acaso, em Jó. "Jó foi rico, perdeu os bens, membros da família e a saúde, mas nunca se revoltou contra Deus. Venceu pela esperança.

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