Contrastes havemos no País às mãos cheias. Estão aí, entretecidos no cotidiano da população os miasmas da corrupção dominante na vida pública, cuja ação deletéria acabou derribando as barreiras éticas do Partido dos Trabalhadores, derradeiro bastião da moralidade pública.

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Não é o caso de se afirmar que a prática tornou-se comum no âmago da agremiação, mas é inegável o descrédito que causou dada a dificuldade da eleição do candidato situacionista, Ricardo Berzoini, para o diretório nacional.

Assim, evidências gritantes sustentam a afirmação de que a cúpula da executiva nacional deixou-se encandear pelo fascínio do dinheiro não contabilizado, afirmou-se com incrível desfaçatez, obtido mediante expedientes banalizados pelos romances policiais de segunda categoria.

A sociedade testemunhou o princípio das dores do atual governo e do processo de desgaste da popularidade do presidente Lula, que descamba a níveis cada vez mais alarmantes. O governo aproxima-se do final do terceiro ano de mandato sem projeto definido e nenhuma obra de vulto para engambelar eleitores.

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Nem bem a população se refaz dum golpe, outro está a caminho. Dessa vez, com a notícia da compra de nove automóveis de luxo indescritível por parte do Supremo Tribunal Federal (STF). Pela bagatela de meio milhão de reais, dar-se-á essa distinção aos nobilíssimos ministros da corte augusta.

Se vivos fossem ainda hoje, arderiam de inveja duques e barões abundantes no império dos Bragança, ante o desfile dos moderníssimos landaus.

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Talvez as palavras dum sábio bastante cultivado entre os bem-pensantes – Michel de Montaigne – citadas por Harold Bloom, atenuem o visível embaraço das miríades de condenados à torpe condição de servos: ?É perfeição absoluta e virtualmente divina saber desfrutar do nosso ser legitimamente. Buscamos outras condições porque não compreendemos o uso da nossa, e saímos de nós porque não sabemos o que está em nosso interior. Todavia, de nada adianta subirmos em pernas de pau, pois, mesmo sobre pernas de pau, temos de caminhar com nossas próprias pernas. E, no trono mais elevado do mundo, sentamo-nos sobre nosso próprio traseiro?.

Com o respeito devido a impolutos varões da alta hierarquia dos poderes da República, afinal, substituta da monarquia, sói lembrar que o embaçado brilho de tamanha pompa e circunstância mostrou-se, por último, no baile da Ilha Fiscal…