Após ser alvo de críticas, o Papa Bento XVI disse nesta quarta-feira (23) que a Igreja Romana não esconde a história das injustiças que acompanharam a colonização cristã da América Latina, e lamentou que direitos básicos dos povos indígenas tenham sido esmagados pelos missionários e colonizadores espanhóis e portugueses.

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Há dez dias, no último compromisso de sua visita ao Brasil, ao falar na abertura da 5ª Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, Bento XVI disse que "o anúncio de Jesus e do seu Evangelho não supôs, em qualquer momento, uma alienação das culturas pré-colombianas, nem foi uma imposição de uma cultura alheia". Diante de 162 delegados – cardeais e bispos de 22 conferências – Bento XVI defendeu a conversão dos indígenas à fé cristã como algo que purificou suas culturas.

Logo depois de qualificar os movimentos que tentam restabelecer tradições indigenistas como "involução para um momento histórico ancorado no passado", ele interpretou na ocasião que a evangelização gerou uma síntese entre as culturas dos "povos originários" e a fé cristã "que os missionários lhes ofereciam", dando origem à "rica religiosidade popular".

Entre os críticos que se levantaram contra a declaração está o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que acusou Bento XVI de "ignorar o holocausto" deflagrado pela chegada de Cristóvão Colombo à América, em 1492, e exigiu um pedido de desculpas. Já líderes indígenas do Brasil disseram que o comentário do papa foi "arrogante e desrespeitoso".

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O papa discursou nesta quarta-feira para cerca de 50 mil pessoas que estavam na Praça de São Pedro. O pontífice comentou sua recente viagem ao Brasil, ao dizer que ela "abrangeu não apenas aquela grande nação (o Brasil), mas toda a América latina, lar da maioria dos católicos." Ele descreveu a viagem como "acima de tudo, uma peregrinação de reza a Deus pela fé, que formou as culturas (latino-americanas) por mais de 500 anos.