Numa cerimônia intercalada por rituais cristãos e indígenas, o papa João Paulo II canonizou nesta quarta-feira Juan Diego Cuauhtlatoatzin, convertendo-o no primeiro santo indígena da história da Igreja Católica, apesar das dúvidas em torno de sua real existência.
Falando com clareza, apesar do indisfarçável cansaço, o papa voltou a defender o direito dos índios, como fizera um dia antes na Guatemala. A missa, realizada na Basílica de Guadalupe, durou duas horas e meia e reuniu 22 mil pessoas. Muitos fiéis assistiram à celebração do lado fora, em telões espalhados pela cidade.
Depois de ser saudado por milhares de mexicanos que foram para as ruas enquanto ele passava em seu papamóvel (cujas janelas permaneceram abertas), o papa foi ovacionado ao entrar na basílica. Dançarinos com trajes típicos de guerreiros exibiram-se diante de João Paulo enquanto outros tiravam sons de conchas marinhas e tocavam instrumentos pré-colombianos. Padres leram trechos da Bíblia em espanhol e em náhuatl, a língua asteca.
O pontífice pediu melhor tratamento aos índios das Américas. Aos mexicanos em particular, pediu que ajudassem a criar “maior justiça e solidariedade” para todos e que apoiassem “os povos nativos em suas legítimas aspirações, respeitando e defendendo os autênticos valores de cada grupo”.