Os Índices Gerais de Preços (IGPs) deverão registrar variação menor que a do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), referência para as metas de inflação do governo em 2005, puxando para baixo a inflação do ano que vem. O câmbio é o principal fator responsável pelo fenômeno do IGP abaixo da inflação oficial, situação que só ocorreu no acumulado anual três vezes desde 1995.

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Como resultado, os preços administrados, em boa parte corrigidos pelos IGPs, deverão preocupar bem menos em 2006. "A perspectiva é de que no ano que vem os reajustes dos administrados fiquem em nível bem menor", observou o economista da PUC-RJ Luiz Roberto Cunha, membro do conselho consultivo do sistema de índices de preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "No ano que vem, os administrados serão reajustados em níveis bem menores do que neste ano", emendou o economista Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor de Política Monetária do Banco Central.

Segundo Thadeu de Freitas, os preços administrados respondem por cerca de 30% do IPCA e já estão prefixados em níveis baixos. Para 2005, segundo o relatório Focus divulgado hoje (25) pelo Banco Central com as expectativas do mercado financeiro, a previsão mais recente é de IPCA de 5,5%. Para o IGP-M, as projeções do mercado oscilam em torno de 4%. Para ele, esse é um ótimo sinal para garantia da meta de inflação do próximo ano, estipulada em 4,5% e que deverá ser facilmente atingida, segundo ele, com a ajuda dos IGPs.

Cunha explica que as baixas variações dos IGPs estão relacionadas sobretudo ao câmbio, que tem forte influência nos produtos industriais e agrícolas no atacado, que responde por 60% dos IGPs. Além disso, houve queda dos preços agrícolas e a cotação dos combustíveis no País sofreu impacto benéfico da boa safra da cana-de-açúcar, que está provocando sucessivas deflações no álcool.

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Para Cunha, com os IGPs em níveis inferiores ao IPCA, "no ano que vem, ao contrário dos últimos anos, já partimos com perspectiva de reajustes menores para telefonia e energia elétrica, por exemplo".