IGP-M registrou deflação de 0,23% em março, diz Fundação Getúlio Vargas

O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) de março apresentou deflação de 0,23%, ante alta de 0,01% em fevereiro, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), responsável pela apuração do indicador. A queda só não foi maior por causa da redução da mistura do álcool e gasolina de 25% para 20%, no início do mês passado. O álcool combustível, que havia subido 5 62% em fevereiro, acelerou a alta para 11,42% em março. A gasolina, com menos álcool, teve aumento de 2%, pelos dados da FGV. Gasolina e álcool combustível juntos respondem por 80% do grupo transportes, cujos preços subiram 1,22%, disse o economista André Braz, da FGV.

O índice de março ficou abaixo das estimativas dos analistas do mercado financeiro e foi puxado pelos preços no atacado, com queda de 0,48%, enquanto os preços ao consumidor tiveram alta de 0,22%, ante 0,11% em fevereiro. A deflação de março deve-se principalmente a produtos agrícolas comercializáveis no exterior no atacado, como soja e cacau, que estão com preço em queda no mercado internacional, além do efeito da taxa de câmbio, explicou o economista Salomão Quadros, da FGV. A soja, que já estava em queda de preços de 3,58% em fevereiro, aprofundou essa deflação para 7,18%.

Com o resultado de março, o IGP-M acumulado em 12 meses ficou no mínimo histórico desse índice, com variação de apenas 0 36% no período abril 2005 a março deste ano. Quadros prevê nova queda no total acumulado no mês que vem. O motivo é que em abril do ano passado o índice ficou em 0,86% e qualquer variação abaixo dessa garante um acumulado em 12 meses ainda menor que o 0,36% do período até março. A variação do IGP-M em 12 meses reajusta diversos contratos anuais e com a queda desse índice não há a realimentação da inflação passada devido à indexação, como ocorreu no Brasil até há dois anos.

O índice acumulado em 12 meses, porém, deve subir a partir do segundo trimestre, segundo o economista. O motivo é que, de maio a setembro de 2005, o IGP-M registrou deflações e em alguns meses com porcentuais negativos relativamente grandes, como o – 0,44% de junho. "Mesmo que o IGP-M continue em deflação se o índice não for maior que o do mesmo mês do ano passado, o acumulado em 12 meses sobe", afirmou.

Quadros observou que as commodities industriais também contribuíram para a deflação de março, principalmente por causa do câmbio, mas em alguns casos também devido a preços internacionais. O subgrupo de fertilizantes, que inclui insumos, por exemplo, registrou queda média de preços de 6,44%. Quadros citou também itens como borracha sintética (-13%), alumínio e lingotes (-6,46%) e chapas de aço (-0,46%). Os produtos agrícolas no atacado tiveram em média uma queda de preços de 2 36% no mês, enquanto os industriais subiram 0,12.

Dos 21 itens do grupo, em 14 os preços se aceleraram e em 7 se desaceleraram, segundo Braz. Entre os itens com desaceleração estão o açúcar refinado (-14,48% em fevereiro e -8 10% em março) e açúcar cristal (-14,10% em fevereiro e -5,17% em março). Pelo acompanhamento da FGV, o índice do mês que vem será influenciado por reajustes de medicamentos e vestuário, pela mudança de estação (com impacto nos preços do vestuário) e por parte dos aumentos já ocorridos de taxa de água e esgoto e táxi.

A taxa de água e esgoto subiu a partir de 1.º de março em Belo Horizonte, Salvador e Brasília e a pesquisa do IGP-M deste mês captou uma alta de 1,3% em março, correspondentes a 2/3 do aumento ocorrido. O restante deve ser captado em abril. Por outro lado, disse Braz, a queda de preços no atacado de milho, trigo, soja e café abre espaço para reduções no varejo. Embora o preço da soja tenha caído 7,18% no atacado, o óleo de soja no varejo subiu 1,99%.

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