A primeira prévia da inflação de dezembro medida pela Fundação Getúlio Vargas ficou em 2,61%, teto das expectativas do mercado, que previa uma taxa entre 1,80% e 2 60%. Mas, apesar da alta de preços ter sido maior do que a captada pela primeira prévia do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) de novembro, que apontara variação de 2,31%, a inflação já começa a dar sinais de desaceleração, como avalia o técnico da FGV Salomão Quadros, que coordena o cálculo do índice. Ele destaca que os preços no atacado, principal fator de propagação da inflação nos últimos meses, estão sendo os primeiros a registrar queda. No ano, o IGP-M (primeira prévia) já acumula variação de 23,93%.
O Índice de Preços por Atacado (IPA), que tem maior peso (60%) na formação da taxa, apresentou o primeiro recuo dos últimos seis meses. A queda, de 2,94%, na primeira prévia de novembro, para 2,7% este mês, não chega a ser significativa, mas ocorre devido principalmente à redução de preços em matérias-primas (brutas ou semi-elaboradas) e alimentação. Estes foram, justamente, os itens que iniciaram, em maio, a escalada inflacionária. A desaceleração nos aumentos de preços ainda não chegou ao varejo de uma maneira geral, embora também haja alguns poucos sinais de reversão.
A coleta de dados para o cálculo da primeira prévia de dezembro ocorreu ainda no mês passado, de 21 a 30 de novembro. Neste período, os índices que compõem o IGP-M apresentaram as seguintes variações: IPA, 2,70%; Índice de Preços ao Consumidor (IPC), 2,60%; Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), 2 01%. Entre os índices que compõem o IGP-M, apenas o IPA recuou. Por isso, a taxa de dezembro pode inclusive ser um pouco mais alta que a de novembro, sem que isso signifique uma tendência da inflação, na opinião de Quadros. ?A intensificação do processo de queda deve ocorrer de maneira gradual, ao longo dos próximos meses?, disse.
Ele atribuiu a redução no ritmo de aumento de preços no atacado à mudança na curva cambial, que influencia fortemente o preço de artigos como trigo, soja, café e outras commodities. Salomão chamou a atenção também para o peso da alta dos combustíveis que, devido ao reajuste de 4 de novembro, causaram forte impacto nos preços no atacado (destaque para o óleo diesel) e no varejo (destaque para gasolina, álcool combustível e gás de botijão).