Rio (AE) – A perda de fôlego nos aumentos dos preços de combustíveis levou ao recuo da inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que subiu 0,40% em novembro, ante 0,60% em outubro. Mesmo acima das expectativas do mercado financeiro, o resultado de novembro reforçou as previsões do indicador encerrar 2005 com a menor taxa anual de sua série histórica, iniciada em 1989.
O IGP-M de novembro abrange o período de 21 de outubro a 20 de novembro. Segundo informou hoje (29) a Fundação Getúlio Vargas (FGV), até novembro o índice acumula elevações de 1,22% no ano e de 1,96% em 12 meses. O coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, explicou que a menor taxa anual do IGP-M, referente a 1998, é de 1,78%. "Para ter o menor IGP-M (anual) da história, só precisamos de uma taxa mensal em dezembro abaixo de 0,55%", disse, considerando que "há uma boa chance" de isso acontecer.
Outro fator destacado pelo economista é o cenário favorável para a perspectiva de inflação em 2006. Ele lembrou que o resultado acumulado em 12 meses do IGP-M é usado como indexador de reajustes em preços importantes, como contratos de aluguel e tarifas de energia elétrica. Visto que o indicador pode encerrar o ano em seu menor nível histórico, isso beneficiará os reajustes de importantes preços administrados, no primeiro trimestre do ano que vem.
No atacado, os preços subiram 0,40%, quase a metade do resultado em outubro (0,72%), graças à perda de intensidade na elevação dos preços dos combustíveis e lubrificantes (de 7% para 1,62%). "Acho até que o recuo nos preços dos combustíveis está lento; as taxas deveriam estar mais próximas de zero", opinou o economista. Ele explicou que os reajustes nos preços de combustíveis com impacto importante na inflação, como óleo diesel e gasolina, foram efetuados pela Petrobras há cerca de dois meses, tempo suficiente para as elevações serem "assimiladas" pelo cálculo do indicador.
Outro fator que puxou para baixo os preços no atacado foi o comportamento dos preços dos produtos siderúrgicos. O segmento de ferro, aço e derivados registrou deflação de 1,55% em novembro, ante taxa negativa de 0,54% em outubro. "A queda nos preços internacionais do setor foi o fator preponderante nessa deflação", afirmou.
No varejo os preços aceleraram, mas não o suficiente para conter a influência benéfica do recuo de preços no atacado na formação do IGP-M. Os preços ao consumidor subiram 0,46% em novembro, ante alta de 0,42% em outubro. Já os preços na construção civil ficaram praticamente estáveis, com alta de 0 29% em novembro, em comparação com a elevação de 0,28% em outubro. (colaboraram Célia Froufe e Francisco Carlos de Assis).