IGP-M ajudará governo a atingir meta de inflação

Rio – Apontado como o vilão das tarifas públicas nos últimos anos, o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) deve dar uma forcinha para controlar a inflação em 2006. O índice que rege os contratos de energia e água, entre outros, fechou 2005 em alta de 1,21%, menor nível desde que começou a ser apurado, refletindo a valorização do real frente ao dólar no ano. O bom desempenho terá reflexos positivos no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado pelo governo para fixar as metas anuais de inflação, apontam especialistas.

"O baixo IGP-M de 2005 contribui para reduzir o risco inflacionário de 2006", disse o economista Roberto Padovani, da Tendências Consultoria, explicando que os preços administrados ou monitorados pelo governo, muitos deles indexados àquele índice, correspondem a cerca de 30% do cálculo do IPCA. Ou seja, com reajustes menores nos serviços públicos, a tendência é que a inflação oficial caminhe mais facilmente para o centro da meta estabelecida pelo governo, de 4,5%. Padovani acredita que o IPCA deva fechar 2006 em 4,6%.

"Pela primeira vez na história das metas de inflação no Brasil, os preços administrados vão atuar como facilitador para que o governo atinja as metas. Antes, eles puxavam para cima e era preciso conter o consumo para segurar os preços livres", destaca o economista da FGV Salomão Quadros. Ele espera que os preços administrados fechem 2006 com alta na casa dos 4,5%, quase a metade dos 8% registrados no ano passado. Isto é, há menos motivos para a manutenção dos juros altos durante o ano, já que a preocupação com o aquecimento da economia tende a ser menor.

Quadros lembra ainda que o IGP-M regula outros contratos de serviços privados, como aluguel e TV a cabo, o que deve ampliar o impacto positivo do índice sobre a inflação deste ano. Já no caso da telefonia fixa, a história será diferente: os contratos eram regidos pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) – que só difere do IGP-M no período de coleta e por isso, deve acompanhar o bom desempenho – mas foram alterados no primeiro dia de 2006 para o IPCA, que deve fechar 2005 bem mais alto. "É a maldição dos índices", brinca Padovani, lembrando que o governo lutou para alterar o indexador pensando em menores reajustes para o consumidor.

Quando assumiu o Ministério das Telecomunicações, em 2003, o ex-ministro Miro Teixeira chegou a sugerir que os consumidores fossem à Justiça contra os aumentos abusivos das tarifas. Na época, o cenário era mesmo caótico, já que o IGP-M do ano anterior havia fechado na casa dos 26%, inflado pela desvalorização cambial antes das eleições de 2002. Em 2004, devido ao aumento nos preços das commodities, o índice também foi alto, acima dos 12%, sustentando a alta de 8,5% captada pela FGV nos preços administrados ou monitorados no ano passado.

Padovani acredita, porém, que a tendência é que os dois índices se tornem mais próximos, à medida que o País reduza sua vulnerabilidade a choques externos e, portanto, a grandes desvalorizações cambiais.

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