IGP-DI sobe 0,02% em abril e mostra que deflação está se esvaindo

Rio – Após duas deflações consecutivas, o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) voltou a subir e registrou, em abril, alta de 0,02%. A informação foi divulgada hoje (10) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O Índice de Preços por Atacado – Disponibilidade Interna (IPA-DI) de abril caiu 0,15%. O Índice de Preços ao Consumidor – Disponibilidade Interna (IPC-DI) teve alta de 0,34%, a maior desde janeiro deste ano. Já o Índice Nacional do Custo da Construção – Disponibilidade Interna (INCC-DI) de abril subiu 0 36%, a maior taxa desde dezembro de 2005.

A perda de fôlego na queda de preços no atacado, juntamente com a aceleração de preços no varejo e na construção civil, deu fim ao período de dois meses de deflação, como explicou o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros. "A aceleração do IGP-DI foi comandada pelos preços no atacado, mas foi acompanhada de perto pela alta nos preços do varejo e na construção civil. Não foi um caso isolado", ressaltou.

Para ele, no entanto, o que o índice revela até aqui não é "a retomada da inflação; e, sim, a deflação se esvaindo. Há mais exemplos de quedas fortes que perderam a força do que de preços que estão realmente subindo".

Quadros disse que é muito cedo para dizer se a aceleração do IGP-DI representa o início de uma nova tendência de alta. "Não há como mensurar a tendência do IGP-DI para o próximo mês", acrescentou.

Mas, segundo ele, o IGP-DI trouxe uma boa notícia, que foi o resultado do núcleo do Índice de Preços ao Consumidor – Disponibilidade Interna (IPC-DI), calculado a partir da exclusão das principais quedas e das mais expressivas altas de preço no varejo. Embora o núcleo tenha subido, de março para abril (de 0 25% para 0,32%), "o fato de o resultado do núcleo estar muito ‘colado’ na taxa de inflação do varejo indica uma maior estabilidade de preços", afirmou.

Atacado 

Os preços das matérias-primas brutas registraram queda de 0,85% em abril, na comparação com deflação de 3,52% em março. O desempenho desse segmento foi o principal fator que levou à queda menos intensa no IPA-DI, com peso de 60% do total do IGP-DI.

De acordo com a FGV, até abril, o IPA-DI acumula quedas de 0,29% no ano, e de 3,14%, em 12 meses. Os preços dos produtos agrícolas no atacado acumulam retração de 4,18%, no ano, e de 12 52%, em 12 meses. Já os preços dos produtos industriais registram elevações de, respectivamente, 0,94% e de 0,08%.

Dentro do Índice de Preços por Atacado segundo Estágios de Processamento (IPA-EP), que permite visualizar a transmissão de preços ao longo da cadeia produtiva, os preços dos bens finais acumulam elevações de 1,64%, no ano, e de 1,36%, em 12 meses. Os preços dos bens intermediários acumulam elevação de 0,41%, no ano, mas registram queda de 1,29%, em 12 meses. Já os preços das matérias-primas brutas acumulam quedas de 4,35%, no ano, e de 12 36%, em 12 meses.

Quadros explicou que, em abril, praticamente todas as principais commodities, que estão incluídas no segmento de matérias-primas brutas, registraram quedas menos intensas. É o caso de soja (de -6,90%, em março, para -1,70%, em abril); café (de -4,78% para -2,15%); e trigo (de -4,62% para -2,43%).

Após 11 meses em queda, os preços dos produtos siderúrgicos no atacado voltaram a subir. Os preços de ferro, aço e derivados no atacado registraram alta de 0,81%.

Para Quadros, essa reversão no comportamento dos preços siderúrgicos indica uma recuperação dos preços do setor, influenciada pela crescente demanda externa – devido ao forte apetite da China. "Os preços dos produtos siderúrgicos estavam caindo há muito tempo. Agora, a situação está se normalizando. Isso já era esperado", disse.

Entre os exemplos de disparada de preços no setor, de março para abril, estão as acelerações registradas em ferro-gusa (de -0,12% para 7,58%); chapas grossas (de -0,97% para 0,99%); chapas de aço inoxidável (de -4,07% para 0,17%) e metais não-ferrosos (de -0,43% para 3,69%).

O preço do cimento também voltou a subir (0,38%) no atacado, depois de vinte meses de queda. De janeiro a abril, o preço do cimento ainda acumula queda, de 0,68%. Quadros lembrou que o setor da Construção Civil registrou resultados ruins por um tempo, com o setor passando por uma grande crise em 2003. Isso derrubou o preço do cimento por quase dois anos. Mas agora, o produto está dando mostras de recuperação – como reflexo do que ocorre no setor.

Maiores altas 

A FGV informou ainda que, por produtos, as altas mais expressivas no atacado foram registradas pelo tomate (63 36%); cana-de-açúcar (3,78%); leite in natura (3,09%). Já as mais expressivas quedas de preço foram registradas na laranja (-22,45%); óleos combustíveis (-6,19%); e mandioca (-11,38%).

No varejo, a aceleração no preço do tomate (de 7,38% para 35 20%) foi responsável por um terço da inflação, explicou André Braz, economista da FGV. De acordo com ele, o comportamento do produto puxou para cima os preços de Hortaliças e Legumes (de -0 18% para 5,73%), que, por sua vez, provocou uma elevação mais intensa nos preços dos alimentos, de março para abril (de -0,32% para 0,36%). "Isso é importante para exemplificar que a alta foi provocada por efeitos sazonais", disse, para depois acrescentar que comportamento do preço do tomate é fortemente influenciado pelas mudanças climáticas.

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