Rio – O dólar baixo levou a inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) a atingir em 2005 o menor nível da sua história, iniciada há 61 anos. O indicador, usado para reajustar tarifas de telefone, fechou o ano com alta de 1,22%, quase dez vezes abaixo do resultado de 2004 (12,14%). Segundo informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a intensa valorização do real ante o dólar beneficiou a inflação no atacado e no varejo, reduzindo os preços de vários produtos relacionados à moeda norte-americana – principalmente as commodities.

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A taxa de 2005 também foi beneficiada pelo resultado do IGP-DI de dezembro, que indicou alta de apenas 0,07%, ante 0,33% em novembro, devido à deflação nos preços dos combustíveis no atacado (-2,17%). "Mas acho difícil que uma taxa anual tão baixa possa se repetir em 2006", afirmou o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros. Para ele, a valorização cambial registrada no ano passado foi atípica e muito forte.

O economista comentou, porém, que o resultado terá impactos expressivos no cenário da inflação em 2006. Além de ser um estímulo para o Banco Central continuar a reduzir a taxa básica de juros (Selic), a inflação baixa em 2005 conduzirá a uma taxa acumulada em 12 meses muito baixa ao longo do primeiro semestre deste ano. O consumidor sairá ganhando com isso, já que essa taxa acumulada do IGP-DI é usada para reajustar várias tarifas e preços administrados.

Quadros citou como exemplo o caso da telefonia fixa. Segundo ele, o governo usará, até o primeiro semestre 2006, o indicador da FGV, juntamente com um índice setorial, para efetuar o cálculo do reajuste dessa tarifa. Com o resultado menor no acumulado do IGP-DI, o aumento de telefonia fixa em 2006 pode ser metade do registrado em 2005. Em 2005, a tarifa de telefonia fixa subiu 5,53%.

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Ao detalhar o impacto do câmbio na inflação em 2005, Quadros informou que um dos setores mais influenciados pelo dólar baixo foi o de siderurgia. O setor de ferro, aço e derivados no atacado fechou o ano com queda de 7,29%, ante aumento de 57,66% em 2004. "Em 2004 tivemos um choque siderúrgico na inflação, que não se repetiu em 2005", disse o economista.

O IGP-DI é o mais antigo indicador calculado pela FGV e um dos três principais índices calculados pela fundação. Graças à valorização cambial, os outros dois indicadores, que são o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) e o Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) também encerraram 2005 com as menores taxas de suas histórias: 1,21% e 1,47%, respectivamente.

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Ao comentar o cenário da inflação em dezembro, o economista explicou que a queda nos preços dos combustíveis, no atacado, foi impactada por deflações nos preços de óleos combustíveis (-10,70%) e querosene para motores (-9%). "Esses preços caíram como reflexo na queda momentânea nos preços do petróleo no mercado internacional", disse. Esse cenário levou à derrubada nos preços do atacado, que caíram 0,14% no último mês do ano, ante aumento de 0,24% em novembro.

No varejo, os preços subiram menos, com alta de 0,46% em dezembro, ante 0,57% em novembro, devido à desaceleração nos preços de alimentação (de 1,42% para 0,75%). Já os preços na construção civil subiram 0,37% em dezembro, ante 0,28% em novembro.