O diretor-executivo do Iedi, Júlio Sérgio Gomes de Almeida, lamentou a saída de Carlos Lessa da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ponderando que ele foi responsável por resgatar o papel desenvolvimentista do banco. "É um mérito que mesmo os opositores não podem tirar dele", afirmou.
Ao ser informado que o sucessor de Lessa será Guido Mantega, que ocupa o Ministério do Planejamento, Almeida também elogiou o indicado e disse acreditar que Mantega não mudará a estratégia atual do BNDES.
"O Lessa sempre foi brilhante e polêmico", elogiou Almeida. "Não vamos pedir a ele que depois de velho mude", acrescentou.
De acordo com o diretor do Iedi, Mantega vai resistir à idéia "de descapitalizar" o BNDES, como estaria sendo proposto por determinadores setores do governo. Ele discordou de que Mantega, por ser um integrante da equipe econômica, tende a ter uma linha d e atuação mais afinada ao que pensa o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e mesmo o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. "O Mantega tem pensamento próprio", afirmou. "Não é afinado com ninguém. É um fiel seguidor do presidente Lula".
Para o diretor do Iedi, o fato de Mantega ser um paulista, ao contrário do carioca Lessa, não significa necessariamente que o novo presidente do BNDES tenha uma afinidade maior com a indústria de São Paulo. "Isso é irrelevante", disse. Em contrapartida, Almeida admitiu que "por ter o perfil de uma pessoa conciliadora", Mantega deve ser uma atuação mais tranqüila de que seu antecessor, gerando menos atritos.
Almeida disse que, ao tirar Mantega do Planejamento, o presidente Lula dá um passo na direção da reforma ministerial que é aguardada desde o final das eleições municipais. O diretor do Iedi elogiou o trabalho que o ministro vinha fazendo no Planejamento . Lembrou que, numa conversa recente, Mantega lhe disse que 2005 seria o ano dos investimentos em infra-estrutura.