Belo Horizonte (AE) ? Ao mesmo tempo em que a diretoria do Atlético-MG adota o silêncio em relação à iminente queda do time para a Série B do Campeonato Brasileiro, torcedores e representantes da oposição se mobilizam para cobrar profundas modificações no clube. Pelo menos dois movimentos surgiram nos últimos dias exigindo a renúncia do atual presidente Ricardo Guimarães e de seus vices, além da alteração do estatuto para permitir a participação dos associados na eleição de uma nova diretoria – atualmente, apenas os conselheiros têm direito a voto.
Um grupo intitulado "Reação Atleticana" já conta com a adesão de um dos maiores ídolos do clube: Reinaldo. O ex-centroavante participaria na noite desta terça-feira de uma reunião de lançamento do movimento em um hotel da capital mineira.
O virtual rebaixamento do Atlético deu novo estímulo às pretensões de Reinaldo de presidir o clube. Ele afirma que é preciso "passar o Galo a limpo". "Eu coloco meu nome à disposição para sair candidato à presidência do Atlético. Eu não posso ficar omisso, de braços cruzados, vendo essa administração ridícula conduzir o Atlético", afirmou o ex-jogador de 48 anos, que atualmente é vereador em Belo Horizonte.
A disposição de Reinaldo já havia sido manifestada em maio deste ano, após seis rodadas do Brasileirão, quando a equipe mineira passou a ocupar a zona de rebaixamento. Mas, com suas declarações, ele entrou em rota de colisão com o presidente Ricardo Guimarães e o presidente do Conselho Deliberativo do clube, Alexandre Kalil ? ex-aliados que romperam e disputam o poder no clube.
"O Kalil é do grupo do Ricardo Guimarães. Não vejo diferença nenhuma. O Atlético tem de reunir todas as forças. Não pode ficar somente essa elite burguesa administrando o Galo", atacou Reinaldo.
Um dos líderes do "Reação Atleticana", o engenheiro civil Luís F. Gramiscelli Tolentino, de 39 anos, cobra transparência da atual diretoria. Ele afirma que há "indícios" de que a dívida do clube ? cerca de R$ 150 milhões, segundo declarou recentemente Ricardo Guimarães ? já está próxima dos R$ 200 milhões.
"Há sete anos, quando o Nélio Brant (ex-presidente) assumiu o clube a dívida era de R$ 27 milhões", disse o engenheiro, ex-conselheiro e associado do clube, que participou de uma chapa derrotada nas últimas eleições. Segundo Luís Tolentino, alguns atuais conselheiros apóiam o movimento.