A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) discursou há pouco no plenário do Senado para esclarecer o encontro com o empresário paulista Edson Brockveld, ontem, em Brasília. Além disso, Ideli tentou esclarecer por que faltou com a verdade na tarde de ontem, durante uma sessão da casa, e negou que tivesse encontrado o empresário.
A senadora confirmou o encontro e o recebimento dos documentos. Segundo ela, foram-lhe entregues duas atas da licitação 16/99 dos Correios, nas quais é descrita uma concorrência para fornecimento de equipamento. Nos documentos aparecem as quatro empresas habilitadas, entre elas a de Brockveld e os valores dos três lotes que, segundo a senadora, somados se aproximam de R$ 90 milhões.
Ideli ainda disse ter recebido dois contratos de gaveta, nos quais aparecem garantias de que as duas empresas vencedoras iriam comprar os equipamentos da Brockveld e mais dois outros documentos que, do ponto de vista dela, não têm ligação com licitação. "Pode ter falcatrua? Pode ter licitação dirigida? Pode ter superfaturamento? Quero dizer aqui que pode, sim. Só que os documentos entregues não são prova suficiente e cabal. Há necessidade de investigar", afirmou a senadora em seu discurso.
Ideli ainda disse que sua negativa pública em relação ao encontro com o empresário foi motivada pelo desconhecimento da gravidade das provas. "Não conhecia o empresário, não sabia o que ele estava trazendo, não tinha condições de avaliar na hora se aqueles documentos entregues eram indícios suficientes para poder vir a público."
Ideli ainda afirmou que o fato de o jornalista Ricardo Noblat ter noticiado o encontro, em seu blog, na hora em que ele se desenrolava pode ter sido fruto de arapongagem. "Ou foi armação, ou foi um vazamento do próprio empresário, ou arapongagem, ou uma mistura de tudo."
A senadora ainda se mostrou desconfiada de um possível envolvimento do sócio do banco Opportunitty, Daniel Dantas, no episódio do vazamento das informações sobre o encontro com Brockveld, dado que seu depoimento ocorreu no dia anterior.