O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai atualizar a base de dados das Contas Nacionais, que serve para o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB).
Além da inclusão de dados mais novos das pesquisas anuais do instituto (construção, comércio, serviços, indústria), estuda-se usar os gastos com materiais e as remunerações para o cálculo da administração pública, que responde por 16% do PIB mas varia, hoje, em grande parte, conforme o crescimento populacional.
O projeto foi apresentado internamente ao governo na semana passada e entrará em vigor apenas no ano que vem. Para analistas, as mudanças são consideradas positivas, principalmente no caso do cálculo da administração pública. Esta parcela equivale a 16% do PIB e a maior parte, no método atual, está atrelada ao ao crescimento vegetativo da população, que é baixo.
Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que o baixo dinamismo da administração pública e dos aluguéis dentro do PIB, ligados à variação populacional, dificultam o País na obtenção de taxas de crescimento acima de 5%.
Segundo Eduardo Velho, um dos autores do estudo, as duas parcelas representam quase 25% do PIB e funcionam como uma espécie de amortecedor do crescimento: quando a economia está aquecida, "jogam para baixo" a taxa geral; quando há recessão, acabam compensando o fraco desempenho.
Para o ex-presidente do Banco Central (BC) e sócio da Macrométrica, Francisco Lopes, quase um quarto do PIB "está amarrado ao crescimento da população". O novo cálculo da administração pública poderá elevar de 0,5 a 1 ponto porcentual o crescimento da economia, estima Lopes. O economista da LCA Consultores Bráulio Borges diz que a mudança "pode gerar um crescimento mais forte, mas ainda é cedo para afirmar".
O coordenador de Contas Nacionais do IBGE, Roberto Olinto, afirma que haverá atualização de pesos, mas diz que não há como prever em que sentido isso ocorrerá. "A gente não tem ainda como fazer qualquer avaliação prévia da nova estrutura de ponderação", afirmou. Segundo ele, serão incorporadas atualizações, novas fontes e algumas recomendações internacionais à base de cálculo do PIB, que ano que vem ganhará uma nova série histórica.
Dados da nova estrutura de consumo da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2002/2003 e do setor agropecuário, por exemplo, serão levados em conta. Segundo ele, trata-se de um procedimento rotineiro, que "qualquer sistema de contas nacionais faz a cada cinco a dez anos" e que deverá trazer novos pesos para os componentes do PIB. A atualização de dados agropecuários deverá incluir novos produtos e frentes agrícolas no País.