IBGE mostra estagnação da agroindústria no primeiro semestre

A produção da agroindústria brasileira ficou praticamente estagnada no primeiro semestre deste ano, ante igual período do ano passado.

Fatores como a queda nos preços de algumas commodities, quebra de safra no Rio Grande do Sul, aumento dos custos e redução da oferta de crédito foram os motivos apontados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o crescimento de apenas 0,3% do setor no acumulado dos seis primeiros meses de 2005, ante igual período do ano passado.

Fernando Abritta, economista da coordenação de indústria do instituto, disse que a conjuntura para a agroindústria neste ano foi bem mais desfavorável do que em 2004, quando houve expansão de 5,3% ante o ano anterior. Mas apesar da estagnação no total do semestre, o setor apresentou forte reação do segundo trimestre.

Enquanto nos três primeiros meses do ano a agroindústria recuou 3,5% ante igual período do ano passado, no segundo trimestre houve crescimento de 3,3% nessa base de comparação. Os segmentos vinculados à agricultura puxaram o desempenho para baixo, com queda de 0,7%, enquanto a pecuária apresentou crescimento de 2,5% no período.

Os chamados produtos utilizados pela agricultura (adubos e fertilizantes, máquinas e equipamentos), com queda de 23% na produção, tiveram impacto negativo na agroindústria como um todo já que os empresários do setor agrícola mostraram pouco apetite para investimentos no primeiro semestre.

Abritta disse que os altos custos desses produtos, aliados à dificuldade de obtenção de crédito por causa do endividamento dos agriculturores, acabaram derrubando a produção de adubos e fertilizantes (-14,3%) e de máquinas e equipamentos (-36,3%).

Por outro lado, colaboraram para compensar um pouco a perda desses produtos os chamados derivados da agricultura, que incluem os produtos beneficiados e cresceram 3,4% no semestre.

Essa expansão foi puxada especialmente pela ótima safra da cana-de-açúcar, cujos derivados cresceram 26,7% no semestre, com o acréscimo das exportações e o consumo interno de produtos como álcool e açúcar. As vendas externas estimularam também o crescimento da produção industrial dos derivados da celulose (3 7%) e arroz (5,2%).

Pecuária

Em trajetória oposta a da agricultura e beneficiada pelo aumento das exportações de carnes, a pecuária, com peso menor na pesquisa de agroindústria, apresentou um bom desempenho no primeiro semestre. Nos derivados, houve crescimento em bovinos e suínos (3,1%) e aves (3%).

Abritta atribui os resultados positivos à qualidade das carnes brasileiras, marketing do produto no mercado mundial e diversificação de destinos de exportações. A indústria brasileira de bovinos e suínos foi beneficiada pelo mal da vaca louca que atingiu rebanhos dos Estados Unidos e Europa, enquanto as aves, além da alta produtividade, levou vantagens por causa da gripe aviária que afetou a China e o sudeste asiático.

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