O ano de 2006 consolidou "de fato uma situação de desindexação" de preços no País, segundo avalia a coordenadora de índices de preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Eulina Nunes dos Santos. De acordo com ela, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 3,14% acumulado no ano passado, bem abaixo do centro da meta estabelecida pelo Banco Central (4 5%), marca o fim de uma cultura inflacionária no Brasil.
Para Eulina, mais importante do que o IPCA de 2006 ter sido o menor desde 1998 é o forte recuo que ocorreu na taxa em comparação a 2002 (12,53%), ano que marcou um perigoso avanço na inflação brasileira, após ter sido domada pelo Plano Real. Ela sublinhou que a safra agrícola de 116,6 milhões de toneladas, o câmbio e os reajustes baixos ou inexistentes dos preços administrados contribuíram para conter a inflação no ano passado.
A safra permitiu um aumento acumulado de apenas 1,22% nos preços dos produtos alimentícios em 2006, a menor variação desse grupo na série do IPCA no Plano Real (desde 1994), equivalente apenas à variação nesse grupo apresentada em 1997, que também foi de 1 22%. O câmbio ainda contribuiu para manter os preços dos alimentos controlados e manteve reduzido o IPCA de itens como artigos de limpeza (-2,29%) e aparelhos de TV, som e informática (-12,07%).
No caso dos administrados, houve queda de 0,83% na inflação da telefonia fixa, fato inédito desde o início do Plano Real. A energia elétrica também registrou praticamente uma estabilidade de preços (0,28%) em 2006. Os combustíveis, com alta de 2,30% no ano passado, também influenciaram na contenção da inflação no ano, segundo observou Eulina.
2007
A coordenadora do IBGE acredita que mesmo que o comportamento dos preços seja diferente, em 2007, do que o registrado em 2006, "haverá neste ano uma continuidade do que vem ocorrendo nos anos passados, com tendência de convergência para números cada vez menores". Segundo Eulina, o comportamento atual dos preços atende "à própria essência das metas de inflação", que é a convergência para patamares mais baixos.
De acordo com ela, a elevação nos preços do álcool será um dos principais impactos de alta no IPCA de janeiro. Porém, o efeito será menos intenso na inflação de 2007 do que no ano passado, já que, com a mudança de metodologia do IPCA a partir de julho de 2006, o peso do álcool na taxa caiu de 1,08% para 0,38%, observou a coordenadora.
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