O consumo das famílias e os investimentos puxaram o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2006, enquanto o setor externo contribuiu negativamente para o desempenho da economia brasileira, o que não ocorria desde 2000. Esses foram os destaques dos resultados do PIB de 2006, divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na avaliação da gerente de contas trimestrais do instituto, Rebeca Palis
Em todo o ano passado, o PIB do País cresceu 2,9%. No quarto trimestre de 2006, a economia registrou avanço de 1,1% ante o terceiro trimestre do mesmo ano, e aumentou 3,8% na comparação com o quarto trimestre de 2005
Impulsionado pelo aumento da massa salarial real e do crédito, o consumo das famílias subiu 3,8% em 2006, o terceiro avanço anual consecutivo apurado pelo IBGE. A massa salarial real cresceu 5 6% em 2006 ante o ano anterior, segundo Rebeca. No mesmo período houve expansão nominal de 29,9% do saldo de operações de crédito para pessoas físicas
A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, ou investimentos) também cresceu pelo terceiro ano consecutivo e registrou expansão de 6 3% no ano passado. A FBCF é composta pela construção civil (60% de peso), que subiu 4,7% em 2006, e por máquinas e equipamentos, com avanço de 8,5%. Segundo Rebeca, a forte expansão dos investimentos no ano passado foi puxada pelas máquinas e equipamentos, especialmente os importados.
Ela avalia que, em geral, os investimentos em 2006 tiveram impacto positivo do câmbio, da redução da taxa Selic – de uma média de 19,1% ao ano em 2005 para 15,3% ao ano em 2006 – e do aumento nominal de 19,9% no crédito para pessoas jurídicas. "É claro que a redução da Selic tem um impacto positivo para toda a economia", disse Rebeca.
Por sua vez, as importações de bens e serviços, que são computadas com sinal negativo no cálculo do PIB, aumentaram 18 1% em 2006, volume bem superior ao crescimento das exportações (5,0%), levando a uma participação negativa do setor externo no desempenho da economia.
Segundo Rebeca, essa contribuição negativa foi resultado do câmbio mas, também, do aumento da demanda interna que favoreceu as importações. Além disso, a expansão das importações (com aumento do imposto sobre importações) elevou o PIB dos impostos sobre produtos em 4,4% em 2006, com impacto positivo no crescimento da economia.
Indagada se o dólar baixo atrapalhou o desempenho do PIB em 2006 ela respondeu que "não dá para concluir isso, pois se por um lado o câmbio prejudicou alguns setores com a competição de produtos importados, por outro aumentou a capacidade produtiva do País e o volume de impostos, é um efeito a longo prazo, que temos que olhar com cautela".