IBGE e OAB se unem contra portaria do governo sobre pesquisas

Os funcionários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deverão organizar um movimento nacional contra a portaria publicada na semana passada pelo Ministério do Planejamento e que determina que as pesquisas estruturais do instituto sejam enviadas ao Ministério 48 horas antes da divulgação. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também está estudando a possibilidade de pedir a revogação da portaria.

Susana Drumond, que faz parte da executiva nacional do Sindicato dos Trabalhadores do IBGE e funcionária da área de pesquisas econômicas do instituto há 20 anos, disse que a determinação do governo de receber os dados antes do público em geral abre espaço para desconfiança da sociedade em relação à idoneidade das pesquisas. "O governo diz que a imprensa tem acesso aos dados antes do público e o governo não tem. Mas o objetivo da imprensa é uma divulgação mais precisa, e qual o objetivo do governo? Se preparar para a imprensa? Ou pensar os melhores dados que devem ser divulgados? Eles querem se preparar para trabalhar a divulgação de dados mais positivos?", questiona Susana.

Segundo ela, a executiva nacional do sindicato vai se reunir logo após o carnaval para determinar como será o movimento contra a portaria. A sugestão de Susana será a realização de manifestações públicas em todo o País "em defesa da idoneidade, seriedade, independência técnica e política" do IBGE. O objetivo é convidar outras associações de classe com interesse nas pesquisas do instituto, como as vinculadas a geólogos e sociólogos, para participarem do movimento.

Susana defende que as pesquisas do IBGE estruturais – que abrangem um período mais longo, com maior abrangência de dados – e conjunturais – realizadas mensalmente e que hoje são enviadas com 24 horas de antecedência ao Ministério – cheguem ao Planejamento apenas duas horas antes da divulgação. Para ela, a portaria publicada na semana passada "tem caráter autoritário".

OAB

O presidente nacional da OAB, Roberto Busato, rebateu as afirmações do ministro interino do Planejamento, Nelson Machado, de que estaria havendo "tempestade em copo d’água" nas críticas à portaria e disse que estuda a possibilidade de uma medida judicial solicitando a sua revogação. Busato disse que "governo democrático é governo transparente e assim deveria se portar o governo; se há tempestade, ela não foi criada por ninguém a não ser por quem criou essa portaria". Segundo ele, estatísticas oficiais "são números que não podem ser guardados ou maquiados para qualquer efeito".

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