IBGE cancela pesquisas por falta de verbas

Rio (AE) – Apesar das acusações de ambas as partes, numa coisa a presidência do IBGE e o sindicato nacional dos servidores (AssIBGE) concordam: a falta de recursos do Ministério do Planejamento já provocou o cancelamento de duas pesquisas importantes neste ano. A entrevista coletiva sobre os dados do Produto Interno Bruto (PIB) referentes ao segundo trimestre, que seria realizada hoje (31), foi cancelada devido ao movimento de greve dos funcionários do instituto.

Na semana passada, pela primeira vez em pelo menos cinco anos, a coletiva sobre a Pesquisa Mensal de Emprego referente a julho também não aconteceu. Segundo a assessoria, a direção do IBGE decidiu suspender a entrevista coletiva para evitar constrangimentos para os técnicos e os jornalistas, já que os grevistas da instituição promoveriam uma manifestação no local da divulgação.

Desde julho, segundo o diretor do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE, Renato Quirino, cerca de 70% dos 7.000 servidores do instituto estão em greve, reinvindicando reajustes salariais de cerca de 20%. "O nosso problema tem sido a instransigência da presidência, que deixa de pressionar o Ministério do Planejamento, prejudicando inclusive a credibilidade do IBGE", disse ele.

O presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, confirma que duas pesquisas já foram suspensas por falta de recursos: a contagem da população e o censo agropecuário. Segundo Nunes, a primeira custaria R$ 480 milhões e a segunda, R$ 420 milhões – um total de R$ 900 milhões: "É mais do que o Orçamento de todo o ministério." Para Quirino, do sindicato, o problema é da direção que não pressiona o Ministério do Planejamento para descontingenciar o Orçamento.

A contagem da população, feita no meio de cada década, atualiza os dados do censo através de um questionário menor. É importante porque serve de referência para o Tribunal de Contas da União calcular os recursos a serem transferidos do Fundo de Participação dos Municípios.

O último censo agropecuário foi feito em 1995, o que significa uma defasagem de dez anos nos dados. Nesse período houve uma grande expansão no agronegócio, que irá ficar sem avaliação. Nunes disse que o governo ainda não descartou a possibilidade de realizá-lo em 2006/2007: "Mas temos de definir prioridades. Com esse mesmo valor iremos realizar 150 publicações no ano que vem", afirmou.

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