Rio de Janeiro – A prisão de um grupo que emitia autorizações ambientais em troca de benefícios pessoais deve acelerar o ritmo das revisões de laudos emitidos pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Só neste ano, já foram revisados laudos ambientais que permitiam construções e atividades de pesca em áreas de preservação de três municípios do Rio de Janeiro.
Segundo o superintendente do Ibama no Rio de Janeiro, Rogério Roco, foram suspensas, por exemplo, autorizações para obras na região da Lagoa de Itaipu, em Niterói. Em fevereiro deste ano, técnicos também reavaliaram documentos que aprovam construções e atividades pesqueiras em áreas ambientais de Angra dos Reis e Paraty. A região, onde cresceu a especulação imobiliária, era também foco da atuação de parte do grupo preso pela Operação Euterpe da Polícia Federal.
O esquema foi descoberto pela Polícia Federal que investiga as fraudes desde o ano passado. Até ontem (31) à noite, 31 pessoas haviam sido presas, entre elas servidores, empresários e comerciantes de pescado. ?A equipe [dos funcionários do Ibama que foram presos] é pequena, representa menos de 10% do efetivo do Ibama no Rio. A grande maioria é honesta e trabalhadora?, defendeu o superintendente, em entrevista ao programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional.
Roco disse também que setores como a fiscalização e a área técnica estão vulneráveis a desvios de conduta. ?Um servidor que pode autuar, como permite hoje a Lei de Crimes Ambientais, uma atividade ilícita com multas que vão de R$ 50 a R$ 50 milhões, detém um poder muito grande e o risco de desvio, em função da aquisição de benefícios para si?, alertou.