Os problemas rotineiros da agricultura ganham soluções cada vez mais criativas no Paraná. É o que mostra um catálogo montado pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) e o Departamento de Estudos Sócio-Econômicos Rurais (Deser). Das 80 experiências analisadas, 33 foram selecionadas para a publicação, que tenta aliar a tecnologia à agricultura familiar.
Entre as curiosidades, um tacho elétrico que dispensa esforço humano na fabricação de balas de banana, uma semeadora para hortaliças e uma máquina adaptada para colheita de milho verde. As inovações ampliam o rendimento e dão melhores condições de trabalho ao produtor. ?A necessidade é a mãe da invenção. Os produtores que olham para suas dificuldades com espírito inventivo conseguem encontrar boas saídas?, afirma o pesquisador de engenharia agrícola do Iapar Augusto Guilherme de Araújo.
A maioria das inovações não são propriamente inventos, mas adaptações de tecnologias já amplamente utilizadas. Porém, abrem caminho para a fabricação de novos equipamentos e máquinas, obseva o pesquisador. Raramente os autores registram o produto. É o caso do tacho elétrico criado pelo ex-caminhoneiro Senibaldo Fumaneri, de 72 anos, em Morretes. Ele usa correias de motocicleta para fazer um motor elétrico girar uma hélice de madeira no fundo de um tacho de cobre. O mecanismo substitui a pá e dispensa seis horas de suor durante o cozimento de balas de banana. Para aquecer o tacho, queima-se madeira.
Fumaneri montou quatro tachos nos últimos oito anos. Um mecanismo capaz de mexer 30 quilos de doce custa R$ 3 mil, calcula. Ele acredita que poucos produtores de doces adotaram o tacho elétrico porque a maioria depende de ajuda para fazer um investimento deste porte.
Um tacho de R$ 3 mil foi instalado a 8 quilômetros da cidade, no centro comunitário da localidade de Fartura, com ajuda do governo do estado. Iolanda da Rocha, 52, e Lauro Pinto, 52, aproveitam a máquina para produzir bala e vender aos turistas que visitam a região. Eles produzem até 400 quilos de doce por mês.
O uso de técnicas e tecnologias inovadoras vai além do catálogo oficial. É o caso da fabricação de mel direto no vidro, adotada em Santa Lúcia, região de Cascavel. Tábuas de 40 cm por 50 cm suportam 20 vidros com favos em seu interior, local de trabalho das abelhas. A autoria desse sistema ainda não foi definida, mas os vidros com favos se tornaram comuns nos pontos de venda de mel.