O presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Rasca Rodrigues, assinou nesta sexta-feira (13) uma portaria proibindo por tempo indeterminado o uso da água dos Rios São João e Nhundiaquara. A proibição abrange atividades como pesca, coleta de organismos aquáticos, práticas desportivas que impliquem em banho ou contato com a água, abastecimento doméstico, irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e atividades de aqüicultura.
A medida teve como base o resultado das análises laboratoriais que vêm sendo realizadas pelo IAP desde o acidente com o trem da América Latina Logística (ALL), ocorrido no último dia 19 de julho, quando 35 vagões transportando soja, farelo de milho e açúcar, descarrilaram sobre a ponte do Rio São João, em Morretes.
De acordo com as análises, a fermentação da carga orgânica derramada gerou impacto expressivo sobre a qualidade da água provocando o desequilíbrio do meio aquático e havendo proliferação de colônias de bactéria Sphaertilus natans e de vermes hirudíneos (sanguessuga) que habitam o leito dos rios e podem sugar o sangue de espécies vertebradas .
“A presença das colônias de bactéria Sphaertilus natans indica intensa contaminação orgânica, pois utiliza os resíduos de despejos orgânicos no seu metabolismo podendo estar associados a organismos patogênicos. A ingestão ou contato primário com a água contaminada por esta bactéria pode causar infecções”, afirmou o presidente do IAP, Rasca Rodrigues.
No Rio São João fica proibido o uso da água desde o local do acidente até a sua foz, no rio Nhundiaquara, sendo que este ficará isolado desde a afluência do rio São João até a sua foz, na baía de Paranaguá.
O objetivo da portaria é resguardar, preventivamente, a integridade dos moradores e usuários do rio São João na área atingida pelo acidente.
O diretor de licenciamento do IAP, José Augusto Picheti, disse que a contaminação deverá influenciar no valor da multa que será aplicada na ALL. Segundo ele, o auto de infração só será lavrado após a retirada completa do material derramado e do resultado dos impactos causados à fauna, flora, solo e meio aquático. “Esta contaminação foi detectada apenas agora e não podemos aplicar a multa sem a comprovação de que não há possibilidade de encontrarmos novos danos ao meio ambiente da região”, disse Picheti.