Ianques pobres de espírito

Uma pesquisa publicada ontem no jornal USA Today aponta que, ainda, 63% dos norte-americanos continuam acreditando que a guerra no Iraque valeu a pena. Apesar da queda sensível em relação aos 73% que se declaravam favoráveis à guerra há quatro meses, não há como aceitar tal predileção de um povo. Com esse ponto de vista da nação mais potente do mundo, muitas inquietudes surgem e colocam medo no resto mundo.

A arrogância das autoridades e do povo norte-americano é o principal fator negativo para que alcancemos a paz mundial. Isso porque, acreditando em poder mandar em todas as demais nações, que nesses casos são obrigadas a deixar sua soberania de lado em virtude da força bélica do Tio Sam, passam por cima de seres humanos, não os respeitando de forma alguma. Isso tudo em função de uma mente doentia que quer crescer mais em detrimento dos outros.

Para piorar, 57% das pessoas entrevistadas na pesquisa aprovam de maneira geral o modo como o presidente George W. Bush está administrando a questão iraquiana. Pior ainda, 54% sabem que o presidente não tem uma estratégia clara para restabelecer a estabilidade e instaurar a democracia no Iraque. Exemplo disso foi o fatídico atentado que vitimou o diplomata Sérgio Vieira de Melo. E será que essa barbaridade não poderia ser evitada? É de se estranhar também que, logo após a tragédia, poucas manifestações norte-americanas tenham surgido contra o atentado. Qual seria o motivo?

Esse desequilíbrio de Bush causa ainda problemas para os próprios norte-americanos. Isso porque fica claro que os EUA não tinham uma estratégia definida no pós-guerra. Resultado disso: dezenas de soldados mortos em emboscadas montadas em terreno “inimigo”. A opinião pública norte-americana nesse aspecto, porém, está dividida: 51% dos entrevistados apóiam um aumento do número de soldados norte-americanos no Iraque ou a manutenção do atual contingente, enquanto 46% são favoráveis a uma retirada total ou parcial das tropas.

Numa pesquisa como essa, fica clara a alienação de uma nação, que se considera o centro do mundo. Povo e governantes parecem acreditar que podem viver sozinhos. Isso fica evidente sobre as possibilidades de reeleição do presidente Bush, pois 51% dos entrevistados afirmaram na pesquisa que votariam nele, contra 39% que optariam por um candidato democrata. Baseado nisso sugiro algo utópico: um embargo de matéria-prima aos EUA. Será que daria certo? De forma alguma, é claro. Isso ocorre em função da dependência econômica que a maioria das nações tem com os norte-americanos. Mas a idéia é, no mínimo, inusitada. Bye, bye!

Anselmo Meyer

(anselmomeyer@oestadodoparana.com.br) é editor em O Estado

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