Os presidentes Fidel Castro, de Cuba, e Hugo Chávez, da Venezuela, foram os "guest stars" da cúpula "alternativa", ou, a cúpula dos povos, realizada com o lema "A integração é nossa bandeira anti-imperialista" na Cidade Universitária, em pleno centro de Córdoba. Os dois convocaram os povos dos países da região a implementar um "socialismo latino americano".
Diante de quase 20 mil pessoas, Chávez, o primeiro orador, declarou que "o império americano está no fim" e que "o século XXI marcará sua morte".
Exaltado, disse que os povos latino americanos precisam "quebrar os esquemas do imperialismo". Segundo o presidente venezuelano, "o império americano será como disse Mao Tsé Tung, um tigre de papel". "O capitalismo semeia os anti-valores do individualismo, é a causa das guerras, das misérias, da fome, das grandes desigualdades sociais" afirmou Chávez.
O presidente venezuelano aproveitou a ocasião para anunciar que no dia 6 de agosto, na posse do novo parlamento boliviano, haverá um jogo de futebol entre um time de integrantes do governo do presidente Evo Morales e do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Chávez, convidado de Morales, disse que jogaria do lado boliviano, e prometeu que o time vencerá de 5 a 0 o grupo brasileiro.
Fim do capitalismo
Castro, já sem o elegante terno com abotoaduras que havia usado de manhã, na cúpula dos presidentes do Mercosul, ostentou – comme il faut – seu tradicional uniforme verde-cinzento, de comandante da Revolução, mais adequado ao público de universitários e líderes sindicais argentinos.
O líder cubano encerrou o evento pedindo o fim da fome e do analfabetismo na América Latina, e acusou os EUA dos males do mundo. Castro, que saltou de um assunto a outro durante seu discurso, até falou sobre o aquecimento global: "vejam só como está o clima…aqui, em Córdoba, no sul da América do Sul, em pleno inverno, um calor de mais de 26 graus. Essa é a prova da mudança climática".
Castro disse que seu cálculo sobre o fim do capitalismo era mais otimista que o de Chávez. "Falar que o capitalismo vai acabar no século XXI poder dar a entender que vai durar todo o século. Mas eu acho que não dura cem anos, nem 70, nem 50 anos…vai acabar bem antes..é que o mundo vive uma crise, neste momento, como nunca antes vimos na História". Com gritos de "Hasta la victoria siempre!" (Até a vitória, sempre!), lema da revolução cubana, Castro foi saudado pela multidão em frenesi.
Matusalém
Castro, em uma conversa com jornalistas venezuelanos ironizou as notícias que aparecem indicando uma grave deterioração de sua saúde: "eu estou morrendo quase todos os dias". Segundo Castro "de verdade, me sinto muito bem". O líder cubano, que completará 80 anos de vida no dia 13 de agosto afirmou que terá "um décimo da idade de Matusalém". No entanto, afirmou que sente-se calmo em relação à morte: "se você trabalhou todos os dias de tua vida, pode estar sereno".
Fazendo uma análise dos 47 anos da revolução cubana, disparou, a modo de desafio: "não há forma de destruir a revolução". Castro também indicou que dificilmente "alguém poderia impedir o futuro de uma América Latina unida".
Opositores
Em Buenos Aires, diversos grupos políticos colocaram cartazes nas principais avenidas para criticar a visita de Castro e de Chávez. Os cartazes, da autoria dos grupos "Comando Manuel Belgrano" e "Damas de Branco", de tendências direitistas, com vínculos com as Forças Armadas, ostentavam os dizeres: "Fora ditadores da Argentina! Com o que temos, já nos basta". Outros, indicavam "Liberdade para os presos políticos".