As refeições de final de ano serão mais fartas para as famílias das Moradias Rio Bonito. Elas começaram nesta semana a colheita de alface, almeirão, mostarda e outras hortaliças produzidas nas hortas comunitárias do Projeto Nosso Quintal, desenvolvido pela Secretaria Municipal do Abastecimento, em parceria com a empresa Eletrosul e comunidade local.

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Numa área de 25 mil metros quadrados, 45 famílias com renda de até três salários mínimos, mantêm em conjunto ou isoladamente lotes com plantação de 12 variedades de alimentos. São legumes, verduras e grãos como feijão e milho. A previsão do departamento de Programas Comunitários da Secretaria é de que neste primeiro ciclo sejam colhidos cinco mil quilos de alimentos.

No próximo ano a Secretaria vai expandir em mais cinco mil metros quadrados a área para de produção, o que permitirá o ingresso de outras 20 famílias. Segundo o coordenador de Programas Comunitários, Humberto Malucelli, a produção agrícola urbana influencia na qualidade da alimentação das famílias, como também no orçamento doméstico.

"Mais de 30% do rendimento destas famílias são gastos em alimentação, e se incluirmos a saúde o salto vai para 50%. As lavouras urbanas proporcionam economia e melhor qualidade de vida a essas pessoas atendidas", declara Malucelli.

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Para irrigar as hortas as famílias se uniram e, com apoio da Eletrosul, que cedeu a estrutura, construíram dois poços. A prefeitura faz a organização das famílias, fornece assistência técnica especializada e parte dos insumos. "A idéia é capacitar as famílias para que possam continuar os trabalhos de forma auto-sustentável", explica Malucelli.

As lavouras e hortas do Moradias Rio Bonito tendem a se tornarem exemplos para outras regiões da cidade, onde a Prefeitura desenvolve projetos de agricultura urbana. Na semana passada, a Secretaria do Abastecimento promoveu um treinamento para 300 famílias cadastras nos programas.

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Agrônomos da prefeitura e estagiários da Universidade Federal do Paraná foram a campo ensinar na prática as várias etapas de implantação de hortas.

O aposentado Miguel Matte mantém um lote e começou a colher os 300 pés de alface, crespas e lisas, que servirão para reforçar a alimentação dos seis membros da sua família. "Fiz o treinamento e já estou vendo resultado na horta", diz ele. Miguel visita a produção toda manhã. "Agora trago as anotações com instruções dos técnicos".

Os legumes cultivados no lote da dona de casa Maria Barbosa da Cunha também vão parar na mesa da família. "Não vai sobrar nada, porque somos em muitos. Mas vou economizar porque hoje eu compro essas coisas no sacolão", conta ela. A horta de dona Maria se tornou uma atração para os filhos e netos. "Todo domingo eles vêm comigo aqui ver o plantio."

Assim como para Miguel e dona Maria, o trabalho na pequena lavoura agrega um valor a mais. Ambos declaram que o cultivo é uma terapia que ajuda a ocupar o dia e melhorar a vida. "Quando era nova colhia café no interior e nunca tinha trabalhado com hortaliça. Aqui estou aprendendo a lidar com elas e vejo o resultado do meu trabalho", disse Maria.