Horizonte precário

Um dos ex-ministros da Fazenda do governo FHC, Rubens Ricupero, sem saber que estava sendo visto e ouvido, revelou ao jornalista da Rede Globo que o entrevistaria a seguir uma regra básica do governo da época: ?Se é bom, nós divulgamos, mas se é ruim, escondemos?.

Apesar da quantidade de assuntos encobertos pelo manto da dissimulação, não se pode acusar radicalmente o governo Lula de ?esconder? da sociedade, pelo menos à luz do raciocínio hermenêutico posto, na ocasião, por um antigo ministro de Estado, fatos relevantes como o anêmico crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Na verdade, tentativa desse quilate levaria o governo a total descrédito ou, pior, a perder o respeito que ainda conserva junto à população. Portanto, é preciso enfrentar a realidade deveras madrasta, mas apontada com brilho solar tanto pelo IBGE quanto pelo Ipea, não por acaso os instrumentos mais eficientes que o governo possui para a realização de levantamentos estatísticos e pesquisas em economia aplicada. Contra fatos não há argumentos.

O Ipea acabou de informar que o crescimento do PIB em 2006 foi mais uma vez revisado para baixo. A projeção anterior de 3,3% descambou nas contas da entidade para 2,8%, refletindo o comportamento decepcionante da economia, além de pulverizar a visão apologética alimentada até a véspera pelo presidente Lula e o comandante da equipe econômica, ministro Guido Mantega, para quem o PIB cresceria entre 4% e 5%.

Segundo o Ipea, era mesmo inconcebível a uma economia sem investimentos maciços e continuados suplantar o índice afinal sacramentado. E como desgraça pouca é bobagem, a estimativa de expansão para o próximo ano – na mais otimista das hipóteses – é de apenas 3,6%. Paulo Levy, diretor da instituição, afirmou que o crescimento esperado de 5% do PIB não é factível porque o ambiente de negócios carece de um horizonte largo de investimentos produtivos.

Contudo, há um setor do qual o presidente Lula pode se orgulhar, o comércio exterior. O saldo da balança é de US$ 44,3 bilhões, diferença apurada entre a exportação de US$ 137,1 bilhões e a importação de US$ 92,8 bilhões. Hosanas ao aquecimento do mercado externo e ao aumento da procura por commodities produzidas no Brasil.

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