Começa neste domingo (05) a 33.ª edição do horário de verão brasileiro. Além de aliviar a carga do sistema elétrico no horário de pico, a mudança proporciona economia ? da ordem de 0,5% ? nos níveis de consumo de eletricidade, que decorre basicamente do menor tempo de uso de lâmpadas. A medida também melhora as condições de operação do sistema elétrico interligado, no período crítico entre 18h e 21h, quando a demanda por energia atinge seus patamares mais elevados.
À meia-noite de sábado para domingo, os relógios deverão ser adiantados em uma hora em todos os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, incluindo o Distrito Federal. Este domingo de 23 horas será compensado mais adiante, com um sábado de 25 horas, no dia 24 de fevereiro de 2007, que vai marcar o término do horário de verão.
Isso acontece porque o adiantamento dos relógios também antecipa a demanda máxima de certas categorias de consumo, como a residencial. Nos lares, o pico de demanda, que se verifica nas horas seguintes ao término do expediente comercial, passa a ocorrer com o dia ainda claro, deixando de se sobrepor ao acendimento da iluminação pública, por exemplo, cujas lâmpadas são acionadas automaticamente por relês sensíveis à redução da luminosidade natural.
Uma Londrina
Essa folga operacional no horário de ponta é estimada pelo ONS ? Operador Nacional do Sistema em aproximadamente 5% da potência que normalmente transita pelo setor elétrico naquele horário. Em números, isso pode ser traduzido como 2.100 megawatts de potência evitada na área de abrangência do horário de verão, o equivalente à capacidade de produção de três turbinas de Itaipu ou toda a demanda, na ponta, do estado de Santa Catarina.
No sistema operado pela Copel, espera-se que a redução de carga durante o horário de ponta seja em torno de 6% ou de 240 megawatts, o que equivale à demanda máxima da cidade de Londrina, o segundo maior centro urbano do Paraná, ou à potência instalada na Usina Governador Parigot de Souza (Capivari-Cachoeira).
?A adoção do horário de verão permite que instalações importantes do setor elétrico como usinas, linhas de transmissão e subestações trabalhem com folga, elevando os níveis de confiabilidade do sistema?, explica Ana Rita Xavier Mussi, gerente do Centro de Operação do Sistema Elétrico da Copel. ?O alívio nas condições de funcionamento também permite realizar paradas para manutenção preventiva sem riscos ao atendimento do mercado, o que é um benefício enorme?, complementa.
Histórico
Desde 1985, o horário de verão tem sido adotado com regularidade no país, recebendo a aprovação da maior parte da população: a possibilidade de usar para atividades de lazer as horas adicionais de claridade no final do dia é o principal atrativo do novo horário, além da sensação de segurança de retornar ao lar após o expediente com o dia ainda claro.
A história do horário de verão no Brasil começou na década de 30, pelas mãos do então presidente Getúlio Vargas. Sua versão de estréia durou quase meio ano, vigorando de 3 de outubro de 1931 até 31 de março de 1932. Nos 35 anos seguintes, foi adotado em nove oportunidades: em 1932, de 1949 a 1952, em 1963 e de 1965 a 1967.
Depois de muitos anos esquecido, o horário de verão ressurgiu em 1985 por decreto do então presidente José Sarney e vem sendo adotado ininterruptamente, desde então.
Velas
Diz a história que, em 1784, Benjamin Franklin teve a idéia de aproveitar melhor a época do ano em que os dias são mais longos que as noites, como forma de economizar velas.
Na Inglaterra, em 1907, um construtor chamado William Willett, membro da Sociedade Astronômica Real, deu início a uma campanha que propunha alterar os relógios no verão para reduzir o que classificava de ?desperdício de luz diurna?.
Willett morreu em 1915 ? um ano antes de a Alemanha adotar sua tese e se tornar o primeiro país no mundo a implantar o horário de verão.